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 Me encontrei com o mundo das letras quando o meu mundo se reduzia a nada. Fui muito maltratada pelas circunstâncias que não gostava de silê...

terça-feira, 3 de abril de 2018

Palavra tem poder - Capítulo 2

capitulo 2   ( Medo de amar)

A noite foi longa para Anita, quase não conseguira dormir. Entre uma cochilada e outra,
a imagem de Daniel insistia em aparecer, um tanto desbotada e incerta, como
se fosse desparecer de uma hora para outra.
Seria sua consciência  querendo lhe dizer algo,
ou apenas o medo de amar e de ser esquecida?
Sempre fora uma mulher conservadora, não se deixava levar pela magia de um encontro. Não gostava de se expôr, nem de ficar por ficar.
Seus amigos a chamavam de puritana, Ela sabia que não fazia nenhum sentido esse apelido,
ela reservava o direito de escolha, e tinha um certo receio de aventuras passageiras.
Fora criada com muita disciplina, sua mãe sempre á alertou do perigo de se apaixonar no primeiro
encontro, sempre lhe dizia que, as coisas poderiam mudar de repente, e o sofrimento seria inevitável.
Por isso, nunca teve um compromisso sério, mesmo quando queria, não conseguia ficar com alguém no primeiro encontro. Procurava conhecer bem a pessoa que se aproximava dela, antes de iniciar qualquer relação.
Mas, desta vez, o sininho tocou, e a fez refém de uma história diferente, um sentimento novo, do qual ela não sabia lidar.
Alguma coisa em seu íntimo lhe dizia para tomar cuidado. e ela repetia para si mesma: - Palavra tem poder.
Eu serei feliz com ele! Eu serei feliz com ele! E ficou repetindo até o amanhecer.

Pela manhã ao despertar, iniciou o dia como todas as manhãs. depois pegou o carro e foi para o trabalho, antes consultou o celular para ver se não tinha nenhuma mensagem.
E deparou com uma de Daniel que dizia: - Obrigado pela noite! Abraço!
Ela sentiu-se feliz por um momento, para logo sentir uma mancha preta á rondar-lhe:  Achara a mensagem muito fria, Porque um abraço, ao invés de um beijo? Depois do acontecido anteriormente, dos beijos e afagos trocados, já teriam um minimo de intimidade para tornar mensagens mais quentes.
Resolveu trancafiar esse tipo de pensamento lá no fundo, e seguiu a pensar em trabalho. Afinal, de que adiantaria remoer o que ainda não aconteceu. - Outro dia, outros motivos, pensava:
Seu assistente já havia chegado quando ela abriu a porta, ele estava atolado no meio de muitos documentos, e logo que a viu entrar foi logo dizendo: - temos que resolver muitos casos de aluguéis atrasados, os clientes estão ligando para saber o que esta havendo, A crise está brava!
- Realmente, ela disse! - Não está fácil para ninguém!
O moço deu uma risadinha, passou as mãos na cabeça, e completou: - Só para você é que não!
Ela ficou meio sem graça, em outra ocasião também sorriria, mas, não na situação em que se encontrava: apaixonada pelo patrão.
Ficou quieta e começou a limpar sua mesa, se concentrando nos afazeres mais urgentes, fazendo ligações e as recebendo, esquecendo por alguns momentos a sua crise emocional.
O dia passou rápido, um entra e sai na imobiliária , acabou exigindo toda a sua atenção. As vezes atendia o telefone e lembrava de Daniel e vinha aquela pergunta: - Seria ele?
Só depois das quatro horas da tarde, seu assistente lhe revelou que tinha recebido um email de Daniel. ela abriu a correspondência rapidamente, que só continha uma ordem: - liga para pessoa tal. número tal, que a minha contadora te dará todas as coordenadas para que você inicie o trabalho na casa.
Os cheques já estão preparados, ou você prefere um cartão corporativo?
Já dei ordens ao escritório de contabilidade para lhe dar carta branca, sempre que solicitar. depois nos falaremos. pode se mudar quando quiser, sinta-se a vontade!
abraço!
Daniel.

A noite chegara. E ela foi para casa sem ter noticias de Daniel: nenhum telefonema, nem nada! Apenas silêncio,
Nos dias que se seguiram, ela realizou a limpeza da cabana. embora fosse uma casinha pequena, muito simpática, ao contrastar com o tamanho da residência oficial, mais parecia uma cabaninha.
Arrumou e embalou todos os seus pertences, entregou a chave ao seu senhorio, chamou um veículo pequeno para fazer o transporte, e rumou para outra aventura. Agora, sem nenhum receio de não poder pagar.
-Pagaria com seus serviços, pensou: - mas, até quando? novamente veio-lhe a insegurança tomando posse de seus dias.
Uma semana, duas e nada de ter noticias do seu patrão. Já iniciara algumas obras, contratando um encanador para resolver alguns problemas,  sondando algumas lojas de eletrodomésticos, para entender bem o mercado e saber onde comprar produtos bons com menor preço.
Certa noite, ela estava meio inquieta, saiu para fora para tomar um ar. estava fresco lá fora, então resolveu caminhar um pouco pelo jardim.. De repente sentiu um perfume que ela nunca esquecera, madeira e chocolate. Inspirou instintivamente, parecia que Daniel estava tão perto, que quase conseguia tocá-lo: Que saudade! - balbuciou:
Foi então que uma mão tapou-lhe os olhos, sentiu um arrepio percorrer seu corpo, ouviu uma voz que lhe dizia: - adivinhe quem é?
- Daniel! - ouviu o som de sua própria voz pronunciar aquele nome tão querido. Ao se virar deu de cara com aquele olhos verdes a lhe sondar, brilhando sobre a luz do luar.
- Não vi o carro chegar. Falou:
- Ainda bem, queria chegar de surpresa!
- Porque não ligou antes?
- Não deu, ele respondeu com uma certa emoção:
- Estive muito ocupado, fui chamado as pressas para realizar alguns negócios. Tive várias fazendas para visitar.  Além do mais, detesto falar de intimidade pelo telefone. Minha ex esposa detestava isso.
Mas eu prefiro isso:  seus lábios se aproximaram dos dela bem devagar, ela pode sentir o hálito quente
queimando-á por fora, antes de sentir uma onda de calor invadindo-á por dentro, e um sabor de hortelã, misturado com prazer e loucura.
Beijaram-se com sofreguidão, depois de se separarem, ele tocou-lhe de leve a fronte, balbuciando em seu ouvido: - sentiu? agora sabe o por quê?
- Sim, ela sentiu e entendeu, que, por telefone, aquilo não aconteceria.
- Ele disse a seguir: - Detesto sentir vontade e não poder realizar. Sou obsessivo por toque. Sentir saudades é bom, mas, ficar só falando de amor não me sustenta. E você não sabe o quanto esperei por isso.
Ele soltou-á do abraço, pegou suas mãos entre a dele e a conduziu pelo caminho de volta.
- Vamos para a sua casa, ou para a minha? perguntou:
- Para a minha, ela disse: - Sua casa ainda não está pronta!
Não tem cama, ela ia completar, mas, desistiu.
Não tinha como fugir do desejo que sentia por aquele homem. Se as caricias continuassem, por certo, o caminho seria esse. O caminho da cama.
E foi o que aconteceu a seguir.
Ele a tomou nos braços tão logo alcançaram a porta, e como se fossem recém-casados, a levou para a cama, onde as caricias se multiplicaram até que não aguentassem mais. Ele a penetrou de mansinho, ela sentiu-se nas nuvens. Nunca em sua historia de vida sentiu algo tão profundo, Era como se dela ele fizesse parte. Os beijos tornaram-se voluptuosos, as caricias cada vez mais ousadas, até que atingiram o clímax, onde ambos se perderam entre suspiros e gritos de prazer.
Ela rolou na cama, virando-se para o lado, ele, por sua vez a abraçou em forma de conchinha, e ficaram lá por horas, sem se falar, apenas sentindo o bater do coração um do outro, em descompasso.
- Estou com fome, ela falou, quase a murmurar: - Vou tomar um banho e preparar algo para comer. Ele se soltou dela, relutante. - Ta bom! eu também estou faminto. toma teu banho, depois me levanto e vou lhe ajudar!
Quando ela colocava os espaguetes para cozinhar, ele apareceu na porta, perguntado: - em que posso ajudar? - Que cheiro bom!
- É o molho de manjericão em sua homenagem, ela respondeu: - seu perfume me lembra lima e manjericão, além de madeira e chocolate.
- Ele deu uma risada estridente que a fez rir também. - Como assim? Tudo isso?
-E algumas cositas mas... emoção, carinho, amor...
Você pode ir lavando a louça se quiser.
Ele se pôs a lavar alguns utensílios que estava sobre a pia, mas, de repente parou, foi ao seu encontro a beijou novamente.
E assim se sucedeu, enquanto jantavam, depois do jantar, até a hora de voltar para a cama e fazer amor pela segunda vez.
O dia amanhecia lá fora, o sol gritante já ameaçava o dia com seu hálito quente. ela procurou um corpo ao seu lado e só encontrou um vácuo.
- Não é possível!  pensou: - Este homem é especialista em fugir.
Ouviu um carro chegando: era ele que trazia-lhe café pronto.
- Não acredito!  pronunciou ao vê-lo atravessando a porta:
Achei que tinha ido embora.
- Ele fez uma carinha de quem não entendeu: - Como assim, eu só fui lhe preparar um café! -  disse sorrindo: e lhe entregou o pacote que tinha nas mãos.
Eu só trouxe café preto.  Não sabia se gostava de leite e não quis errar. Portanto.  hoje só cafe, pão e manteiga esquentado na chapa.
- Eu poderia ter preparado,  disse meio contrariada: tenho tudo aqui, mas, como de costume, você nem pergunta e toma suas decisões.
 Ele levantou as mãos em sinal de protesto: - Olha aqui mocinha, não vem não!  Só quis lhe fazer um agrado, se não gostou, peço desculpas e jogo tudo fora.
- Não ! ela gritou: - me desculpe!
Tocou suavemente em seus ombros - Olha eu não quis ofendê-lo. só que sou impetuosa demais, não consigo evitar.
Tomaram o café, conversaram um pouco sobre o andamento da decoração do imóvel, ela o levou para verificar alguns itens que comprara, ele ficou satisfeito: - sabia que podia contar com você, não errei quando acreditei em seu bom gosto, continue assim.
Mesmo porque, eu vou me ausentar por alguns dias. o dever me chama, e como você sabe. estarei muito ocupado para pensar em outra coisa que não seja trabalho.
Ela se ofendeu em silêncio, não queria correr o risco de ter que brigar com ele, antes de vê-lo indo embora.
-Para onde você vai desta vez?
- Por ai, onde me chamarem, não sou eu quem decido.
- Sentirei saudades!
- Eu também sentirei!  disse meio tristonho:- mas, quero que saiba, que mesmo que eu não ligue com tanta frequência, você estará em meu pensamento.
- Será? ela perguntou:
- Pode apostar! Não quero que pense que eu não ligo, mas, gosto de deixar o tempo decidir!
 Assim que puder, eu volto!  Dito isso:  ele se levantou, afastando a cadeira para trás, deu a volta, tomou-á em seus baços, beijando-á com desespero.
Seus lábios chegaram a inchar com tamanha violência do desejo. Depois ele se despediu, pegando sua maleta, e foi se distanciando, perdendo-se entre a vegetação. Ela só conseguiu ouvir o barulho do carro indo embora.
Ficou um tanto ferida ao constatar que ele nem pediu que o acompanhasse, parecia querer fugir, como sempre.

Os dias seguiram sem qualquer novidade. ocupada com seus dois empregos nem vira o tempo passar. todas as noites ficava por horas olhando a estradinha embrenhada na mata, na esperança de ver algum farol de carro iluminando algum ponto da estrada. Por meses nada aconteceu. foi então, que num fim de semana prolongado por um feriado na sexta feira, ela resolveu ir para casa de sua mãe. Fazia algum tempo em que só se falavam por telefone.
Como ela detestava dirigir na estrada, optou por ir de ônibus. Comprou passagem e na quinta feira a noite, assim que saiu do trabalho, arrumou as malas e partiu.
A pequena cidade onde sua mãe morava, ficava a uns duzentos quilômetros dali. Longe o suficiente para que não se vessem com tanta frequência. Ela sentia-se feliz em poder fazer uma visita no lugar em que morara por tanto tempo, sempre no mesmo bairro, na mesma rua e na mesma casa, desde que se conhecera por gente.
Seus pais se separaram quando ela tinha apenas seis anos de idade, Ele as deixou e nunca mais apareceu, nem para vê-la.
De vez em quando mandava algum dinheiro para ajudar sua mãe a criá-la,  até que se casou novamente, se mandou para outro país e nunca mais deu noticias.
Sua mãe deu duro para criá-la e lhe dar uma boa educação. Até que ela decidiu tocar a sua vida por conta própria. mudando-se para uma cidade maior, vencendo o medo de estar só, e de ter que arcar com suas próprias despesas, deixando sua mãe livre para refazer a sua vida se assim o desejasse.
Se passaram quatro anos, ela se formou em administração, fez um curso técnico em transações imobiliárias. Como já  trabalhava no ramo, foi muito fácil arrumar um emprego de corretora naquele estabelecimento que trabalhava atualmente.
Ganhou algum dinheiro, mas, gastou muito em coisas banais, acabou quase que tendo que voltar, até realizar o último negocio.  O maior de sua vida, e também ganhou essa dor de cabeça, que agora não á deixava mais em paz; O caso de amor com seu mais novo patrão.
Enquanto seguia  pela noite, deitada na poltrona confortável do veículo que a levava, Anita pode, enfim, fazer um balanço sobre seus últimos momentos naquela cidade.
O amor e a saudade que sentia do seu patrão era quase que insuportável: Por vezes, ficava tentada a ligar para ele, contar que o amava mais que tudo, mas, a razão se incumbia de fazê-la desistir.
Era uma tortura pensar que poderia estar servindo de passa tempo., sendo usada quando ele aparecia por lá, para depois sumir sem dar conta daquela tortura que se tornou a sua ausência. Nenhum recado, nem de desculpas, nem de nada, apenas um silêncio ameaçador.
Sentiu as lágrimas inundarem sua face, pela primeira vez sofria de amor.
Por sorte estava escuro, outros passageiros dormiam, ou estavam de olhos fechados, não podiam ver sua dor estampado em seu semblante. Fora corajosa até agora, mas, talvez a lembrança de seus pais lhe deixaram emotiva demais.
Não conseguiu dormir nada, seus pensamentos despertos á incapacitava de relaxar, até que o sol despontou no horizonte, dando-lhe um certo alento ao constatar que já estavam entrando na cidade. - - Agora, só queria um abraço de minha mãe,  constatou: - que ela me compreendesse, que eu pudesse passar para ela toda essa confusão que tomou posse de mim, e sem me questionar me revelasse um caminho, pois eu sei que palavras tem poder.
O ônibus estacionou na pequena rodoviária, agora só teria que andar por uns quinze minutos para chegar em casa.

 Segundo Capitulo  de um romance:  Palavra tem poder
Por:  Hertinha Fischer






































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