A solidão da gente

Houve um tempo em que pessoas me faziam falta, que sorrisos e gargalhadas se ouvia apenas de vizinhos, e eu

pensava comigo mesma; - Que felicidade era aquela?

dentro de mim morava uma tristeza de dar dó. de dar dó

dentro de mim.

Eu via os momentos acontecendo fora, eu queria estar dentro, e não conseguia entrar.

Levaram anos até perceber que a minha tristeza não estava em mim, estava ligada as pessoas que de mim não sentiam falta.

Eu tinha uma vizinha que pouco me conhecia. e aos domingos, sem que eu pedisse, me trazia um prato feito, quentinho e gostoso, que talvez nem fosse tão especial, mas tinha gosto de quem se importa.

Eu não me sentia pobre, pois trabalhava e ganhava meu dinheirinho, só que comer só e a maior pobreza que existe.

Então, eu não era pobre, estava pobre por falta de amor.

Me perguntarão se eu sabia amar, não! eu não sabia, nem podia, estava tão solitária em meu mundo, que desaprendi, perdi o gosto de gostar.

Nas tardes veraneias, quando não trabalhava, eu saia as ruas, sentava na calçada a brincar com as crianças, era, talvez o único alento que me acariciava por dentro.

A solidão estraga a gente.

Pensar na solidão ainda dói mais.

A comida serve para saciar a fome de energia, mas, o que falar de outro tipo

de fome?

Tudo dói, o simples pensar e se sentir rejeitada dói.

Morar sozinha tem destas coisas, nem sempre temos com quem conversar, com quem dividir, com quem chorar.

Pensa-se em natal como um dia especial, como um dia em que ninguém deveria passar só. Mas é só um dia, e outros tantos, em que passamos na mais profunda solidão?

Eu sei, isto já faz parte do passado, mas eu sei bem o que isto significa.

Eu estive tão só, que se acaso sumisse, só dariam falta de mim, depois de passados vários dias. tanto fui esquecida.

Essa solidão de que vos falo, hoje, tenho certeza que só me fez bem, pois, cresceu em mim, o valor que eu dou a quem me acompanha, aqueles que estão comigo me são tão caros,

que procuro amar cada vez mais, para fazer retornar para eles a mesma alegria que tenho ao tê-los presente.

Herta Fischer.