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Eu dando vida as coisas

  E o caminho era suave - sem obstáculos na pronúncia das flores. Um perfumado sonar de cores e risos, que se estendiam na passagem dos ol...

sábado, 31 de maio de 2025

O sol também ama

 Me encantava com as cores da tarde, 

despejada na entrada da noite,

enquanto se preparava para receber a

visita da lua cheia.

Costumava deitar lá fora,

pousando o corpo quase adormecido,

rente ao chão frio, apenas um manto

de saco de estopa nos separava.

 Olhava para o céu como se pudesse tocar

as estrelas com as mãos.

Seu brilho intenso pulsava dentro dos meus olhos.

Enquanto a boca da noite assoviava uma

canção suave, adentrando com paixão

em meu coração.

Dizem que a noite é poética, faz poesia em

plena escuridão, só para enternecer as estrelas

que se enamoram do sol distante.

Acende as suas luzes para que se lembrem 

que elas existem.

Hertinha Fischer





sábado, 24 de maio de 2025

Alegria do saber

 Eu aprendia matemática contando as pedrinhas na estrada.

É claro que sempre acabava perdendo as contas, mas,

me divertia muito, enquanto, andava solitária, a caminho da escola.

Também foi assim que aprendi a sonhar.

Olhava com entusiasmo as borboletas que me cercavam, elas

coloriam minha história de momento.

As curvas, as retas, os círculos, as entradas, as saídas, a roça!

Ao adentrar a sala de aula, meus dedinhos seguravam o lápis

com tanta força, quanto a força que existia em minha imaginação

Desenhos, a princípio, tão desengonçado, iam desenvolvendo

músculos e ideais.

A escola tinha cheiro de sabedoria, não a sabedoria de se saber tudo, mas,

á de poder, enfim, descobrir.

A partitura das letras, que, procurava desvendar nas tabuletas espalhadas pelas estradas,

das quais pareciam querer me dizer algo muito importante, e que sempre me deixavam intrigada,

por não saber corresponder.

Aquele emaranhado de vogais e consoantes, que acompanhavam figuras, á tentar falar comigo, sem, no entanto, compreender.

A escola.. ah, a escola! que preciosa semente despertava em mim.

Ia muito além da estradinha, muito além de tudo que me rodeava, seria ela que me daria mais condições de saber um pouco mais sobre tudo.

As voltas do a, o laços do e, os pingos do i, o olho do o, as curvas do u. Tão difícil de desenhar, e tão fácil de amar.

Jamais pensaria que, um dia, pudesse fazer poesia com ela, e fiz!


Hertinha Fischer





sexta-feira, 23 de maio de 2025

Contando tempo

 Evoluía a tarde em suas andanças açucaradas,

embrenhando entre os galhos desleixados.

distribuindo fleches de luz nas íris floradas,

enquanto a lua já se fazia ornamentar atrás do morro inerte.

 Canções de cigarras e sabiás se fazia ouvir na boca do verão,

que acalorado, ainda, pela paixão eminente, se expandia,

baixando seu hálito quente sobre a terra.

Meu corpo sempre corria, para movimentar um pouco, de ar,

tornando mais leve o próprio respirar.

Enquanto os cabelos escorriam pelos ombros, os poros

iniciavam um lacrimejar, sistêmico, aliviando, um pouco,

o bafo quente da atmosfera.

A orquestra da noite começava a tocar a musica do silêncio,

onde os grupos dos sapos e dos grilos, conseguiam quebra-lo,

afinando as cordas de seus violões desafinados.

Tempo, de quanto tempo carecemos?

Apenas num segundo de luar, floresce tantos sonhos.

Hertinha Fischer








segunda-feira, 19 de maio de 2025

Dia de sonho

 Noite que chega, noite adentra,

cansaço que nunca sai,

Se vai por algum momento

para depois voltar atrás.

Um sorriso passageiro,

mostra o dente e vai ligeiro.

trás as bençãos do descanso,

que só finge que é manso.

Casos estranhos se conta

que a realidade desmonta

Assim que o dia clareia

o cansaço incendeia.

Queria, do sonho, o caminho

Só para continuar dormindo

sonhar que a segunda feira,

poderia ser domingo.

E da manhã, aquela paz

Nunca a tarde á desfaz.

Hertinha Fischer



domingo, 18 de maio de 2025

o sonar do silêncio

 Há lembranças que nunca se apagam,

como os luares de outros tempos 

e lugares.

Havia uma criança e a criança era eu,

um mundão á minha espreita, e o

pouco que sabia.

Mesmo sem ver, eu ouvia.

Pela manhã, o cheiro de café me chegava

aos ouvidos.

E me contava que era dia.

As comédias dos grandes pássaros,

que começava ao sol nascer,

tentando ganhar dos pequenos,

que os punha á correr.

Da grandeza da Tereza,

que o dia dava leveza

ouvia o seu cantar:

Essa vida é uma beleza.

Essa saudade que solta corre,

esfola a alma e nunca morre

Se fecha uma estrada,

logo outra socorre.


Hertinha Fischer







sábado, 17 de maio de 2025

Olhar que nada perde

 Nem preciso de muito espaço,

já tenho meu verde cantinho,
das árvores me dando abraços.
Sorrisos de ruas se abrindo
diminuindo todos os cansaços
portas que vão se abrindo,
gentes que vejo saindo,
crianças da calçada emergindo,
tornando meus sonhos mais lindos
Meus olhos á ver tudo as voltas,
nuvens que do céu não se solta
estrelas que que o ar sempre escolta
e o mar que nunca se revolta.
as tintas que se jogam no ar,
No encontro do sol e a chuva,
traçando suas suaves curvas
para o arco-íris traçar
E a alma que se alimenta,
de tudo que vê e que sente,
o corpo que nunca desmente
a alegria que as vezes se ausenta.

Hertinha Fischer

sexta-feira, 16 de maio de 2025

O segundo diluvio

 Acordei pensando no amor. E logo me veio a mente a figura de Cristo - sem rosto, de coração aberto.

Doando-se como o céu se doa as nuvens.
Fiquei meio atordoada e logo pensei: Quem conhece o verdadeiro amor?
As características do amor: não é soberbo, não é ciumento, não se orgulha, não é inconveniente, não procura seus interesses, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, e se regozija com a verdade - Tudo suporta, tudo crê, tudo espera.
Isso me lembra o decorrer da vida, não é direcionado a nada que se refere ao individualismo,
Então pensei com meus pensamentos: Quem é o amor, ou para que serve o amar?
O amor somos nós, este é o sentido. A que devemos esse amor? A Deus que nos fez!
Serve para servir, sem, no entanto, usar de si mesmo para exemplificá-lo.
O amor em si, o amor em nós, o amor que equivale, o doador, o receptor.
Como um casamento perfeito, onde o doador e o receptor agem de maneira digna, justa e abençoada.
Ai me lembro das virgens, das lâmpadas, das bodas.
As prudentes se abasteceram o suficiente para esperar que o esposo abrisse a porta para a festa. As néscias
acreditavam que estavam seguras e que, o esposo, assim que as visse, abriria a porta, trouxeram pouco combustível para suas lâmpadas e elas se apagaram. E ao ficarem no escuro, pediram azeite emprestado para as virgens prudentes que, imediatamente, se recusaram, dizendo: Se dermos a vocês e o noivo se demorar, correremos o risco de também perder a festa.
Quando as néscias saíram para comprar combustível, o noivo abriu a porta do salão, as prudentes entraram,
O noivo fechou a porta, quando as néscias voltaram encontraram a porta fechada.
Assim também é a vida.
Muitos tolos não acreditam que a porta pode se fechar de uma hora para outra, se recusam a olhar com clareza, até que a porta se feche e fiquem de fora.
Aconteceu na época de Noé - Quase todos, exceto sua própria família, acreditaram em Deus e em sua palavra, quando disse que haveria uma grande inundação que cobriria a terra. Os ateus zombaram dizendo: Como isso seria possível. O mar estava em seu lugar, protegido em seus limites, os rios se acomodavam, cada um em seu lugar. Jamais choveria tanto para inundar aquela terra que era grande em extensão. Riram quando Moisés começou a construir a arca, e mais ainda quando começou a coletar os animais para salvá-los. Mas, certo dia começou a chover sem parar, e não parou por cinquenta dias, a arca começou a emergir, os incrédulos que até aquele momento estavam alheios, cada um com seus compromissos, começaram a pedir socorro e o socorro não veio.
Se passaram milhares de anos e Deus vem dando oportunidade para que o amor nos leve ao arrependimento. E assim, possamos, através do exemplificado amor, viver uma vida equilibrada, deixando de lado todo tipo de rancor, inclusive aquele que nos faz esquecer o amor.
Obedecer é o caminho, sem obediência a porta se fecha e ficamos de fora, sem conhecer a gloria das bodas.
Poucos entrarão pela porta, e quando esta se fechar, tentarão arrombá-la, mas, já estará lacrada e selada.
É tão difícil acreditar que será assim, assim como naquele tempo, os incrédulos não acreditaram no dilúvio.
Muitos se agarram a vida que tem, acreditando que nunca vão morrer, e quando a lâmpada do corpo físico está quase se apagando, clamam por misericórdia.
E encontram a porta fechada, não há mais a quem recorrer.
O mar continua agitado, a arca se equilibra sobre as ondas e a terra já está inundada por águas impuras. E do amor revelado, só sombras e duvidas, assim, novamente, um diluvio se instala, só que desta vez, o mar tá dentro da gente.

Hertinha Fischer









quinta-feira, 15 de maio de 2025

Há tempo que não me escuto

 Fico a pensar se vale a pena,

sair ou entrar em cena.

Muitas coisas novas não me atrai,

coisas velhas me distrai.

Já senti a magnitude da ansiedade,

mais saudade que felicidade

Mais calma me descaminho,

já desfiz o meu ninho.

Só me resta o pouco tempo,

de resto o contratempo.

Sinto a pele cada vez mais fina,

os cabelos ralos.

coração falseando,

nas mãos uns poucos calos.

Posso falar o que quiser,

ninguém me da ouvido

posso sentir um pouco mais,

fica tudo reprimido.

Invejo certas manias,

nada faço que me anime,

tudo perdeu a graça,

até escrever me deprime.

Hertinha Fischer