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Eu dando vida as coisas

  E o caminho era suave - sem obstáculos na pronúncia das flores. Um perfumado sonar de cores e risos, que se estendiam na passagem dos ol...

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

- Profundidade da alma

 Se assim não fosse,

assim seria.
Algo como uma manhã bem feita
Traços sagrados de sol e fita, no
enlace de renda e fogo,
brilha a alva do meu viver
Num céu conhecido e bem distante,
cuja magia onde se esconde?
Se me conheço, nem sei bem aonde,
padeço a hora e sou viajante.
Quem me leva não me avisa
Da ansiedade que me escraviza
Nem tão fogo, só um pouco de cinza
Se sou verdade, há um pouco de cisma
Sou um pouco de areia que carrega o vento
Pra dentro do mar e depois me arrependo
Nas entranhas marejadas vou escorrendo
Na praia deserta estou morrendo.

Hertinha Fischer.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Cansaço de estar

 É um cansar tremendo,

tremendo cansaço.
Coisas do dia a dia, nem te conto.
Andar, sabe? Fazer o que todo mundo já fez.
Olhar para as estrelas com olhar
de pedir, de desejar, de luz.
Ouvir o silêncio do relógio a
confessar tempo.
Passar com ele sem querer ser
passado.
Cruel sangue suga esse tempo,
que esfarela o hoje e remonta um
amanhã sem futuro.
Penso cansaço, vivo cansaço, sonho cansaço
acordo cansado.
E nem completei cem anos ainda. É pouco
tempo para descobrir tantas coisas,
Ah, se não fosse esse tremendo cansaço!
Que ignora essa minha vontade de seguir,
de estender alguns anos em minha procura
por viver e fazer diferente.
Hertinha Fischer.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Passado e seus cacos

 O tempo se encarrega de construir, destruir e construir novamente - em cima de velhas histórias, novas histórias.

Nada fica e nada se perde no tempo, tudo que a ilusão desenforma, outra ilusão se forma.
Pena que no decorrer do tempo, muito se perde de história, de lugar, de memórias.
Estradas permanecem, culturas mudam, rios secam, paisagens apodrecem e são substituídas por outras.
Existe muita filosofia do passado que nada tem a ver com o contemporâneo, mesmo assim, atravessam tempo.
Só ruínas de prédios que ainda insistem em contar o que ninguém ouviu nem viu. E alguns livros escritos por algum sortudo que ganhou a inteligência rara da época.
Mera cortesia do tempo.
Escrever se torna cada vez mais difícil, onde há muito, pouco será notável. Ainda mais quando estamos, claramente, perdendo a forma culta de contar histórias. Cada vez mais difícil de ser compreendido por faltar bons interpretes.

Hertinha Fischer.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Regra e consciência


Não quero mais nada....
Nem noite nem dia, nem ruas, nem estradas. - Só quero o aconchego de quem vive as horas.
Não há mais desejo, só aquilo que me constrói e me alimenta,
até que se precise da energia.
Não há mais sonho, por que o realizar é muito mais divertido.
Não há mais amigos, só o doce sonar do recíproco cuidado.
Não há mais dor, o amor assumiu tudo como compreensão.
Não há mais modelo, o que surge, sempre surgiu em todo tempo.
Não há mais lucro, o crédito é mais que suficiente.
Não há mais ensino, todos aprendem a sua maneira e se levam em- sem ou com - conhecimento
Não há mais expectativas - A não ser a de que a justiça se fará.
Não há nada, nunca houve nada. Se houvesse, haveria tempo para todos e todas as coisas que morrem e são enterradas para um dia
despertar em ruína ou ascensão. Deus o sabe! De onde vem os cogumelos? Em que lugar fica escondido o fogo do vulcão? De onde sai o vento - quem sopra? Como os macacos aprenderam a subir em árvores? Por que só os humanos tem consciência de bem e do mal? Quem os ensinou, ou já nasceram sabendo?
Como o dinheiro substituiu a troca sendo apenas um papel?
Qual é a importância da vida, se a morte. algum dia, chega para todos?
A roupagem é realmente necessária, ou nos vestimos para esconder a nossa vergonha? Já que tudo faz parte do corpo - por que é necessário esconder uma parte?
Ai, está! A consciência dita as regras. A razão liberta!
Hertinha Fischer.



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Vencedores - vence dores

 Ando direito pelos caminhos tortos,

morro um pouco, mas, não de todo.
Sei que a justiça é tardia, mas, um dia
ela trará compensações.
Quem causa desgosto, de gosto não anda.
Saberá no derradeiro que infiel é fel
Não me consolo, mas me aceito,
de muito, nem falo, me calo.
Pode parecer re-manso, mas é re-pouso
Não vou interferir, a vingança vem
E quando vier nem quero estar.
O vento se quieta antes da tempestade,
Enquanto as nuvens engrossam,
o azul se recolhe.
Mas, quando pinga, multidões acompanham.
Que seja o que tiver que ser,
mas que não se curve a mão que vem
para bater.
Os anjos já se iniciaram, já se vê sinais,
mais um pouco, a trombeta soa,
e quem muito voou,
conhecerá o chão.
A quem, sem asas, conhecerá o céu
Hertinha Fischer.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Estradinhas de terra - Sabia onde me levar

 Quereria de novo as estradinhas que corriam em mim, corajosas com suas

nuvens de pó a me fechar os olhos.
Dando nome as coisas novas, sussurrando vento
em meus ouvidos.
Cochichando perfumes em flores pelos barrancos,
a dormir sobre pedras.
Cultuando a sola, soletrando sulcos.
Desvendando outros segredos que ainda
não despertaram.
Esquecendo do que já era, saudando o que já se foi.
Espalmando-me alegremente em seu prazer,
nas andanças de minha quimera.
Aceitando -me em seus devaneios, a divagar com ela.
Sorrateira, sobressaia acima de minha teia, marginalizada de
afetos, enfeitada com cordões de seda, me enlaçando
pelos pés.
Saia de seu lugar e sempre estava, rodeando lugares e trazendo
o céu para mais perto.
Fazendo birra em tempo chuvoso, e tempestades em tempo seco,
se enlameando e inserindo-se para o alto.
Ah, meu encanto desenhado entre figueiras, alegria de aroeiras, capins em fileira.
Natureza de homens fugidios, alcance de aldeias distantes, quanto
delírio ao te ver crescer, sua alma alcançar e outros lugares conhecer.
Minhas, são minhas as tuas lembranças de mim.

Hertinha Fischer.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Sorte do bem

 Eis que ainda brilha,

esperança no pó da estrada.
Já sem cavaleiro o cavalo troteia,
sem trovador, versos destinam
Ainda se constrói a partir do barro,
ainda se pode sentir que há,
Há fervor nos encantos do céu,
Há preces que andam com pássaros,
Há pássaros que cantam em prece.
Não esperemos da sorte, Sorte é
seleção, alguns comem em sua mesa,
outros precisam lhe fazer visitas.
Luz é consciência e consciência não é
caminho sem dono.
Hertinha Fischer

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Prendida no passado

 Se eu pudesse me redesenhar, seria

com suas cores preferidas,
com o mesmo contorno
que tu sonhas...
Se eu pudesse me redimir,
seria breve o meu regresso,
assim como o dia busca
a noite para dormir.
Se eu pudesse voltar atrás,
seria como o vento,
que sopra em circulo e
acaba voltando ao ponto
de origem.
Se eu pudesse renascer,
renasceria do jeito que tu quiseras,
recusando esse meu atual destino.
Se eu pudesse te amar de novo,
Te amaria de um jeito novo, sem
os mesmos erros dantes cometidos.
Te daria o céu, a terra e o meu coração,
para que desfrutasse comigo,
de toda bonança que a vida prometeu
e não nos deu.

Hertinha Fischer





sábado, 1 de fevereiro de 2025

Inversão da subversão

 Ah, essa imensidão de ais,

como revoada de pássaros,

que passa.

Nuvens a tossir água,

gelo a se formar em forma.

Gritos em silêncio, dramas românticos.

Suavidade de desgostos, especulação

de felicidade.

Vejo gotas dando saltos, chuvas subindo,

seca descendo.

Palavras descrevendo descarte,

Gente sendo massacrada por moscas.

Utilitários esmagados e destinatários

corrompidos.

Chama-se  de solidão o baile, e convivência,

o invisível.

Fala-se com os dedos e cala-se no consciente.

Normaliza o anormal e desmoraliza a moral

Trata-se com ignorância o ignorado e

inverte o marginalizado.


Hertinha Fischer