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Deleite com café

  A janela, onde o sol nasce, sobe as escadas das flores e ali permanece, sentado, até que a porta da poesia, se abra, lá pelas bandas das ...

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Porta destrancada, varanda de olhos verdes

 As tardes me sondavam como a mariposa sonda as ondas das luzes.

E as cigarras cantavam para mim.

Conta sua história, canta sua história. viva sua históriiiiaaaa.

A hospitalidade da relva solta abaixo de grandes arvoredos, me inspiravam,

de maneira tal, que acreditava que seria uma história longa e apaixonante.

Quando os bem-te-vis se ouriçavam a procura da melhor nota para

compor o som de cada folha caindo ao chão.

E outros seres alados se esforçavam para acompanha-los, com seus melhores vestidos de festa.

Peito azuis, vermelhos, acinzentados, amarelados, violeta, estufados,  pela arrogância

das cordas vocais, se viam a abrir seus biquinhos para me ensinar a cantar musicas indecifráveis e

magicas de viver em prazer.

Ficava, muitas vezes, por horas, a ouvir a orquestra sinfônica da selva, executando solos poderosos

de arrepiar.

As folhas que se desprendiam, suavemente, de suas hastes, caiam ao meus pés, como um despejar de paz.

Fui aprendendo a ser original. Não precisava ser a cópia de ninguém, só precisava ser eu mesma.

Aquela paz me levava para onde quisesse, a construir alicerces fortes e poderosos, onde não pousaria nenhuma espécie de medo em relação ao que pudesse acontecer, além dos fatos.

Só teria que viajar, cada vez mais fundo dentro de mim. Havia uma certa loucura por voar.

Fui aprendendo a linguagem dos pássaros. 

Uma imensidão de relvas crescia dentro do peito, arbustos de fé serviram para construir meus ninhos, e os ovos de incentivos foram eclodindo e ganhando belas penas de compensações. 

Segui cantando e assoviando ao mesmo tempo. Tudo era alegria.

O tempo me trouxe algumas angustias, mas, o mesmo tempo, ás levaram.

Soava bem alto, aqui dentro, a aurora, que se movia, incrustada, como um diamante de ternura.

Amei a vida e a odiei em alguns instantes.

Com o tempo, deixei as fábulas, deixei para trás todo aquele enlace de sonhar com fantasias. A realidade estava longe de ser abstrata.

Com papel e lápis, fiz das minhas mãos um livro, onde podia, enfim, fazer amizade com poesia.

Minhas caminhadas se tornaram frequentes, e em cada passo, contava um pouco de mim, para eu mesma.

Amava os poetas.

Antes mesmo de aprender a escrever, já tinha no coração sagrado de letras.

Ficava por horas a sondar os sábias nas laranjeiras, assobiando melodias para as laranjas. Elas amadureciam mais viçosas.

Atenta, ainda converso com pássaros, convidando-os a sentarem em minhas mãos!

As únicas armas que conhecíamos era a enxada para erradicar as pragas e o chapéu para nos livrar do sol ardente.

As luvas eram os calos, o sapato as três camadas de pele, enrijecida pelas andanças. 

Hertinha Fischer







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