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Deleite com café

  A janela, onde o sol nasce, sobe as escadas das flores e ali permanece, sentado, até que a porta da poesia, se abra, lá pelas bandas das ...

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Cegos dirigindo cegos

Alcancei a plenitude do saber
Antes ficava aflita tentando mudar as pessoas, hoje,
me contento em tentar melhorar eu mesma.
Sabe o quintal alheio?
Não cabe, a mim, limpá-lo, a menos, que o outro
queira.
Se eu conseguir manter o meu quintal limpo, já está de bom tamanho.
O outro também precisa se exercitar, assim como eu,
mas, não precisamos nos exercitar todos á mesma maneira.
O corvo pleiteia por carnes putrificadas, o leão por carne fresca,
o carneiro por vegetais, ambos pleiteiam pela vida!
Então não ha grandes diferenças entre eles, á não ser, no modo com
 que foram projetados.
Certa vez eu assistia á um documentário sobre os felinos.
A mãe de um jaguar cuidava de três filhos: dois machos e uma fêmea.
Ela os deixava a sós na toca para sair em busca do alimento que todos precisavam.
Eles ficavam apreensivos quando isto acontecia, mas, parecendo que já sabiam da necessidade, ficavam, ali, quietinhos até que a mãe voltasse, e prontamente, saboreassem o elixir da vida, que fora tirada
de outra vida.
Eles foram crescendo em tamanho e esperteza, até, que, em determinado momento, a mãe os chamou para sair á caçar junto com ela.
No inicio da lição, ficavam parados, quietinhos em suas posições, á esperar pelo ataque.
Depois de algum tempo, já começaram a perseguir pequenos roedores.
Chegou um momento em que a mãe tomou o lugar deles, e foi ela a observar, enquanto os três enquadravam a caça.
Quando a mãe percebeu que eles aprenderam a técnica, enquanto eles saboreavam o prêmio da natureza, ela, simplesmente, virou as costas e foi embora.
Quando os três perceberam  sua ausência, ficaram um tanto desconsertados, mas, entenderam que era este o princípio da sabedoria.
E o mesmo fariam quando chegasse a hora deles.
Achei isto o máximo, e comecei a entender a vida de uma outra forma.
Somos tão arrogantes em nossas elucidações, que, ao invés, de absorvermos a sabedoria, ficamos ávidos para demonstrar isso para todo mundo.
Esquecemos que sabedoria mesmo é deixar a natureza de cada um servir seus propósitos.
Não á nossa maneira, mas, a maneira que tem de ser.
Isto é! Ensinando a base da vivência, e não a base de palavras.
Se nos comportarmos bem, fazendo cada um o que lhe cabe, para harmonizar a passagem, construído por princípios sólidos. Outros seguidores, através de bons exemplos podem absorver melhor o aprendizado. 
Não é necessário ficar apontando a ponte, como se fosse a única passagem, e sim, fazê-los conhecedores do melhor caminho, que não, necessariamente, será aquele pelo qual passou.
Se a pessoa quiser abrir um novo caminho, que seja! Será ele á enfrentar os obstáculos.
O final é o mesmo, tanto para o que aprende, como para aquele que nunca aprendeu, portanto, que cada um siga seu próprio trajeto.
Ha os que gostam de tomar banho, e há também os que nem chegam perto da água, ambos vivem, seja de um jeito ou de outro.
Por que ficamos tão obcecados por coisas que não podemos mudar, querendo dirigir um carro (destino de cada um) que não tem direção?
Queremos apresentar Deus aos outros e nem sequer sabemos o que lhe vai no íntimo?
Arrastamos o outro na presença de um deus falso, que se encontra na raiz de nosso ego, fatiado e degustado dentro do prazer de cada um, uma imagem falsa que traz muito mais doença do que cura.
Certa vez ouvi um relato de uma adolescente que dizia:- Disseram -me que Deus cura todas as doenças.
Então, rezei pela cura da minha mãe, e ela morreu, passei a não acreditar mais em nada.
Não falam a verdade, só dão falsas esperanças.
E quando falamos a verdade sobre a morte, ainda querem nos rotular sobre crença.
Estamos mal acostumados, fechamos os olhos quanto ao que acontece com todo mundo, quanto ao que pode acontecer conosco.
Traçamos uma linha imaginaria, mas, continuamos vagueando numa confusão.
E o que é pior, como cegos, tentamos direcionar os outros, achando que só nós encontraremos o caminho que sequer conhecemos. E acabamos todos no  mesmo silencio e frustrações.
Herta Fischer












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