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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sábado, 30 de julho de 2011

Sempre é tempo

Eu conheci uma mulher que vivia sozinha, em uma casinha humilde, cheia de sonhos. Ela não era mais tão jovem, mas estava sempre tão cheia de vida.
Trabalhava muito, como se a palavra cansaço não existisse, e o trabalho que realizava deixava qualquer homem com inveja.
Estava sempre pronta a ajudar quem passasse por aquelas bandas precisando de alguma coisa. Tinha um coração do tamanho do mundo.,
Os cabelos já estavam tão brancos quanto sua alma preciosa, as pernas fraquinhas parecia não aguentar o peso do seu corpo, porém sua força parecia vir não sei de onde.
Tinha sempre um sorriso nos lábios e uma boa palavra para os quebrantados de coração, e um prato de comida quentinho no fogão, caso alguém chegasse com fome.
Mulher de fibra, sustentava-se sozinha, e ainda mandava mantimentos para os filhos e noras.
O trabalho que realizava não era tão fácil, o cabo da enxada contava os calos que tinha nas mãos, e as olheiras profundas contavam a história de quanto chão ela limpou.
Quantos pés de laranjeiras testemunharam suas lágrimas e suor, enquanto esperavam pela benção das mãos daquela mulher.
Quantas vezes eu a vi, empurrando uma carriola tão pesada, cheia de lenha e de esperança, nada podia deter a força daqueles braços que nasceram para brilhar.
Limpava as flores, cortava a grama, podava as árvores, colhia seus frutos, não desperdiçava nem um grão. Quando não comia dava aos outros, ou então fazia sucos ou geléias, sempre dava um bom destino pra tudo que colhia, ou plantava.
Quando  eu ouvia alguém reclamar de seu destino, sempre usava o exemplo da boa senhora que desconhecia a palavra descanso sem nunca reclamar.
Certa vez ela me contou que logo que se casára, seu marido a levou para um lugar bem distante, onde a casa era de madeira, não tinha nada para preparar a comida, nem sequer tinha um fogão. Apenas um latão velho e alguns poucos grãos de feijão.
Então, usando o conhecimento de sofredor, ela resolveu improvisar, cavou um buraco no barranco na largura de seu latão, buscou água no rio, acendeu o fogo, e quando seu marido chegou ao cair da tarde já comeu feijão quentinho. Ficou muito surpreso com a força de sua mulher, qualquer outra se desesperaria sem saber o que fazer, mas ela não! Dizia que quem quer, não sabe o poder que tem.
Eu queria deixar aqui registrado um pouco da vida dessa mulher, é uma forma de agradecer por tudo que aprendi com uma mulher tão grande num corpo tão pequeno. Seu nome era.........era Daura, porque infelismente já não está entre nós. Deixou uma saudade imensa em meu coração!

Autora: herta fischer

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