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Palavra tem poder

  Capítulo 1  ( Atitude) Estava um dia muito quente, daqueles em que a gente desfalece só em pensar. Anita colocou um pedaço de tecido  enro...

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Olhos de fogo

 Conta-se põe na conta.

Desterrada no asfalto.

Quem dera pudesse ser plantada em vaso

Folhada seria manhã

Florada seria hortelã

Que uivasse os passarinhos sobre as passagens,

que cantassem os arvoredos sobre as pastagens

Nunca houve um dia que se estendesse

nem uma noite que suportasse, Tudo foi embora.

Despediram-se sem adeus, trazendo

lágrimas no tempo meu.

Se não fosse os galhos a se esgrelhar 

como fogo a me queimar, empurrando as cinzas 

de lá pra cá.

Que seria de mim sem eu.

Os amores que se perderam

nos olhos quentes que ali pousaram

Só amargura em mim, plantaram

No, tão só, que me fincaram

Hertinha Fischer





Ao redor da tarde

 Bom era andar ao redor da tarde, com aquela sensação de estar rodopiando furta cor.

A sola do pé de couro, o olhar preso na terra, braços despidos, saudando vento, vestes simples compondo simples, sobre o olhar insistente das aleluias do mês de outubro.
Apaixonados dias de poucos anos, a criança em ciranda verso, cantando a inocência em seu astral. Nem sabe onde ficou os anos que não nasceu, nem onde foram parar os momentos que se perdeu. Ainda resta nas poucas frestas, uma luz intensa que se acendeu.
Hertinha Fischer.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Labirintos

 Ainda restam os anos,

que se demoram em mim

Ainda resta uma rosa

no campo desse jardim

Que a vida se estenda no hoje

demore-se  no amanhã

Me hospede nessa jornada

E no futuro seja  anfitriã

Que o fim não me espreite

antes de chegar a hora

Quando for dia certo

É certo que vou embora

O caminho se abriu por inteiro

Empedrados e escurecidos

Como lanças que são lançadas

nos afetos esquecidos

Que branca pombinha se busca

Com lacinhos sobre os pés

Trazendo de longe a mensagem

De arcas e seus Noés.

O tempo ofuscou o caminho

Labirintou as pegadas

Já não se vê retidão

Nas curvas e encruzilhadas

Quem sabe ainda eu chego

Onde se abre o começo

Me esqueça dessas agruras

Da vida que ainda padeço.


Hertinha Fischer





Aventura da folha

 Ah, minha pequena folha serena,

aventure-se nos galhos do vento,
Sai a beijar a orla azul do céu,
use a imaginação dos pássaros,
sonhe asas.
Viaja nas entrelinhas do ar, poetizando
perfume de mel.
Sai pelas portas do sol, entre nuvens, se deite,
no deleite de quem canta chuva.
Planeie formas, esboce cores sobre cristais.
Deseje seus planetas, mesmo que esteja já
distante do ideal.
Desenterre a esquecida manhã, Ame teus pássaros.
Afinal, a mãe primavera já se abriu
para seus ovos de ternura, eclodindo manhãs de sol
sobre o encantamento de quem sente amor. Vá!!!
Hertinha Fischer.

sábado, 21 de setembro de 2024

Ribeirão em fuga

 Um dia de margarida


Um dia de pele verde, vestida
de vestido branco,
a brincar com o verso cor de rosa,
Suspenso no denso roxo do lírio
azul.
Entre as, rimas da ramadas, dos cipós
siameses, a balançar ao vento.
Arrancando suspiros do invejado
barranco que despencava sobre o
peito dos juncos.
Enlameado de sapos e rãs,
a coaxar lua e horizonte.
Onde tudo se revelava, as escuras, na dança
do apagão.
Furtivamente, se via a água, a relampejar,
no estrondoso vale, repleto de vulcões
espelhados.
Seria eu a margarida, já nem tão branca,
com os miolos amarelados de tanto
usar as pétalas da esperança
para vencer a retomada do lugar,
ou já relaxada, pronta para se erguer
sobre o chão que já sumia.
Água suja, água suja, se não limpa, "caramuja"
Lá se foi o ribeirão em fuga, derrubando
o barracão sobre a margem, adentrando
o limite que a terra ostentava.
Com seu bocão esfomeado,
cada vez mais aberto,
engolindo a vegetação
que não sabia correr.
O silêncio, enfim, venceu.
Já não se ouvia o clamor das corredeiras,
nem as canções das espumas entre as pedras,
Tudo se resumiu em lama e porcos.
Num fuça a fuça de fim.
"Este é o destino de todo aquele que se esquece de Deus; assim perece a esperança do ímpio"

Hertinha Fischer.

domingo, 15 de setembro de 2024

Puro e inocente

 Era uma casinha pobre,

cheia de cristais por dentro,
nada feito com as mãos
Riqueza de sentimento.
Ouro estava na água
Diamante no chiqueiro
Tudo puro e natural
sem precisar de dinheiro
Só plantar e colher
O resto a natureza cuidava
O dia fazia prece,
a noite o vento rezava
Deus sempre presente
Nos roçados nos levava
cuidava da nossa casa,
e com os pássaros cantava
Pés desnudos sobre a relva
alma vestida de festa
sapo cantando na lagoa
E os grilos fazendo seresta
Que lindo luar se levanta
No céu do meu sertão
Onde é sempre primavera
dentro do coração.
Quando a lua se ausentava
Enviava o vagalume
A alumiar o morro,
desde a borda até o cume.

Hertinha Fischer.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Geração do amor

 

Era somente mais uma semente,
entre tantas, semeadas
Garantida pela lisonjeira terra,
destilando vida pelos poros,
as fez cheias de vibrações. Emoções.
A chuva que cuidava, o sol que
a amava, e o oxigênio que demandava. Exalava.
A vitória das flores, das favas e o amar de
quem cuidava. o Universo sorria.
Transbordava verdor, cativante fotossíntese. Amor.
A entrada do simples, a saída do exemplar. Estupendo
Como organizar uma série de sons, captadas pela sensível
luz, que dança a musica celestial.
Na penumbra se deita, na aurora se renova, e com o sol se aprova. Deus.
Amar não significa algo que se deseja, Mas, algo que não se explica. Além do imaginário.
Tem o alcance das alturas, captado pelo astro mais profundo. Tudo que a alma pode alcançar.
Assim como uma semente se
transforma dentro do seio da terra e se rompe do útero, sangrando e gemendo as dores do parto para lançar-se nas ondas do tempo, trazendo as informações que jamais se esquece. no mais profundo silêncio, encantando os olhos das gentes. Perpétuo espetáculo.
Hertinha Fischer.


terça-feira, 3 de setembro de 2024

Olhos da terra

Como me entender,
se nem estou mais aqui.
Tenho muitos rabiscos
que nem sequer transmiti

Sou como a rosa, que só pé,
enterrada sobre ciscos
sem poda e sem cuidado
como ovelhas sem apriscos

Desvendando os ponteiros
Seu caminho circulado
Horas marcam todo dia
de rodar, já está cansado

Como sinos pendurados,
sobre a igreja no telhado
Há muito esquecido,
com badalo enferrujado

Muitos só vivem de enfeite
Como anão em seu jardim
Não falam e nem ouvem
Mesmo feitos de marfim

Estou seguindo em minha orla
maré que sobe e que desce
Esculpindo pedras com beijos.
Nos braços de uma prece.

Hertinha Fischer