Salvando memórias, quase que nada resta.
Sombra de algum momento que marcou.
Um cantinho de saudade em penumbra
O galo que cantava de madrugada, em noite
enluarada.
A coruja a chirriar nas fendas abertas
O cavalo a trotear nas mansas valas
O caminho a se abrir sobre o milharal
A sombra da jabuticabeira
O pequeno regato a cortar caminhos.
A casinha acendendo dias
Os dias coletando as horas
A chama vermelha do fogão
A fumaça a contar estrelas
A panela a perfumar o ar
A cama chamando sonhos
O dia declamando aurora
O taquaral a guardar segredos
Os grilos a cantar seus versos.
Os versos e seus inversos
O corpo buscando lenhas
A alma a divulgar as chamas
A água e suas biqueiras
As lamas traiçoeiras
Aroeiras a chorar veneno
Roseiras e suas penas
Seu Hugo coração aberto,
Tereza e seus afetos.
Amigos a brotar na estrada
céu azul a enfeitar o teto
Hertinha Fischer
Nenhum comentário:
Postar um comentário