Sessenta anos já se passaram como se passou o ontem
Ontem da criancice, ontem da juventude, ontem dos felizes, ontem dos arroubos, ontem da cria, ontem do crescimento. Ontem da minha colheita, hoje da colheita dos colhidos. Sou avó.
Como descrever tamanha benção. Como explicar esse sentimento, crescente, que tem mais a ver com o que se passa, não mais, com o que passou. O tempo á meu favor.
A arruela bem colocada num parafuso de ferro fundido que atravessou uma era, Junção bendita.
Como se multiplica sonhos em muitas noites de sono,
Um menino, dois meninos. Uma beleza que rima com sorte, com emoção, com fé.
Assim, tão aconchegante, quanto se cobrir em noites frias, ou calçar um sapato após andar um dia inteiro descalço.
Ser avó é saber-se vencedora. É vencer e ser vencido.
Tendo nos braços um pedacinho já construído com o acabado e transmitido. A beleza da obra completa. Um trilho levando seu trem.
Sou avó e me sinto jovem por dentro, mesmo já repleta de idade, parece que a força volta com força, O colo novamente preparado para mais um amor.
Hertinha Fischer
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