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Deleite com café

  A janela, onde o sol nasce, sobe as escadas das flores e ali permanece, sentado, até que a porta da poesia, se abra, lá pelas bandas das ...

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Nos braços do tempo

 Amo falar de mim: do tempo, das escolhas

que não fiz, das derrapadas a sós, dos desalinhados sentimentos

enquanto buscava pela alegria, das descobertas, das frustrações

de alguns passos dados no escuro, enfim.

Havia uma ladeira ante meus olhos famintos, encobrindo

um céu azul que se estendia la pras bandas do inconsciente.

Cada etapa que se desenhava, logo perdia a coloração, quando

o coração ansiava por novos horizontes.

Um deslumbrar ao deparar com a novidade, motivação 

de cada instante, que após, anuviava num desaquecer intenso

de novo ego.

Quantas andanças no despreparo, quanta esperança em sonhos despertos, que

acabava logo ao anoitecer.

Novamente o tempo da candura, do desejo de posse,  alienada alegria do nada no

crescimento, mais ilusão que ventura.

O tempo, que igual enxurrada em dias de chuva forte, 

carrega em seu lombo, objetos jogados ao léu, para depois encurralar

em uma ponte qualquer, me levou em seu leito, até que restasse 

apenas algumas lembranças retidas em algum canto de memoria.

Sigo meio que lenta, depois do desgaste, meio que ofuscada por

uma luz que sequer brotou em mim.

Resta apenas a penumbra, quase que morta, de algumas cicatrizes

no joelho, de alguns rabiscos românticos, de algum amor que passou.


Hertinha Fischer




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