Houve um tempo em que guardava todos meus sentimentos
dentro do peito, até que se transformasse em lágrimas.
Tinha uma extrema dificuldade de transformar agonia ou felicidade
em palavras.
Isto era desgastante demais em meus dias, um medo intenso de
dizer o que pensava por medo de machucar, sei lá!
Meus pais eram muito fechados, nos transmitiam apenas sentimentos de frustrações
decorrente de nossa criação,
Quase não se falavam.
A unica forma que eles achavam para transmitir algum sentimento
era a disciplina com que eles mesmos tinham ou conheciam.
Trabalhar e obedecer era uma meta incansável em nossos dias.
Talvez seja por isso que aprendi a fazer coisas só para mim,
as escondidas planeava algum sentimento,
e ao ver dos outros, parecia não ter nenhum.
Quando me realizei como mãe, enfrentei um medo danado de não
conseguir ser igual a eles, porque achava que aquele comportamento
era padrão.
Meu filho mais velho enfrentou alguns deslizes meus,
em relação ao que esperava dele, e não ao que ele podia ser.
Após muitos anos vividos, fui, aos poucos, perdendo um pouco
do medo que me seguiu ao longo tempo, E comecei a dar os
primeiros passos em direção da emancipação.
Aprendi a falar de mim, das coisas e fui entendendo um pouco da vida.
Vi, que, precisamos mesmo de ponderação ao falar, mas,
que, para transmitir algo para os outros, temos
que abrir o coração.
Ainda é difícil não corresponder as expectativas dos outros,
muitas vezes me sinto frustrada á esse respeito, sinto
que as amarras vão se destruindo aos poucos, e que, talvez, um dia,
elas me soltem totalmente.
E só então me sentirei livre.
Hertinha Fischer
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