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Som de tristeza

  Som de minha tristeza Ecoa por dentro palavras que nem consigo dizer Não há letras no lamento Se em lágrimas almejasse olhos tristes derra...

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Minhas raízes

Hoje eu me vi como
nunca me tinha visto,
uma prega despregou-me
da sensibilidade
com que tenho crido.
E dei-me com alguém desconhecido,
que cresceu e se esqueceu
de quem foi.
Fechou-se meus olhos por longo
tempo, e a historia
foi se desvendando
em passos.
Deixei-me para trás e comigo
foi-se esvaindo sonhos.
Nas curvas da estatura, meu
chão anuviou-se, e dei
de cara com outro tempo,
um tempo até
então desconhecido,
onde não se aceita pés descalços,
nem vestidos remendados.
A velha espiga sonhada como
bonequinha, a brincadeira com
meus vaga-lumes, se perderam no pó
da estradinha velha de terra batida.
E o que levei comigo foi esquecido dentro da maleta.
No porão deste coração que bate, envelheceram-se
as fantasias, e a realidade brotou lá em cima,
como uma outra forma de crença.
Crescer é isto: abandono da gente?
Não tenho mais quem eu tinha, outros
rostos se fizeram presentes, outros
momentos pularam em minha direção
e o que foi, caiu no esquecimento.O que plantei, sequer cresceu.
Tenho saudade de tudo: da roça
viçosa la no fundão da estrada,
da brincadeira de ir e vir toda suja de terra.
Do cavalo a relinchar no pasto, a pedir
para trabalhar.
Dos irmãos que brigavam, mas que unidos,
sempre estavam.
Dos sentimentos que hoje desune, e que, antes, não existiam.
Eu mudei, creio que mudei mesmo,
e certos sentimentos não mais me nutrem,
só me trazem desassosssego.
Quero retornar, mas, não posso!
Não existe mais nada por lá.
a não ser despedida e saudade.
E aqui, onde vivo, ainda
ha muitas lembranças vivas,
que de quando em quanso, ainda insiste em machucar...

Herta ( Hertinha Fischer)



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