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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

caminhando simplesmente...

O dia terminava.
Antes mesmo do sol se despedir, o céu escureceu.
Fui para a varanda, sentei-me na cadeira encostada na parede para observar o tempo.
Uma torrente chuva se aproximava. Da televisão vinha um som de Cazuza:
O meu futuro é duvidoso.....
O som se foi por um momento, substituído pelo som de um trovão.
Então voltei os meus olhos para meu cachorro que se encolhia no patamar da porta dos fundos, amedrontado pela tormenta.
E em meio a esta confusão meu sentimento aflorou:
Uma lágrima teimosa escorreu pelos meus olhos, parando de quando em quando nas lombadas das rugas que o tempo intensificou.
Imaginei-me criança, quando as forças regiam com todo vigor.
Neste momento, o que restava era apenas uma vontade louca de viver. Uma vontade de corrigir todos os erros do passado.
Enquanto jovem, não tinha noção do quanto castigava meu corpo, do quanto traia a segurança do meu futuro:
Acendi um cigarro, outro erro do passado, quando nem passava pela cabeça a escravidão do vicio, Tinha uma vontade enorme de parar de fumar, mas, meu organismo já fissurado nunca aceitou minha decisão.
Então veio-me a cabeça uma simples pergunta:
Fui feliz o suficiente?  Ou até então, ainda não a mereci?
Sinto o tédio de levantar-me todos os dias, executando as mesmas tarefas, cansativas e repetitivas.
Então, olhei para o passado e só conseguia ver aquela menininha descalça correndo de lá para cá, sorrindo atrás de seus sonhos.
Ao olhar para os lados nos dias de hoje eu vejo muitos jovens que assim como eu estão cheias de sonhos, achando que  podem extrair tudo da vida sem ter que pagar o seu preço,
 muitas historias se repetindo, gente doente sem achar razões para viver.
Não sei bem se vivi tudo o que tinha para viver, ou se  por motivos alheios  e desconhecidos eu não tive muitas escolhas, assim como muitos não tiveram e ainda não tem.
As coisas e a vida foram acontecendo e eu tive que ir me moldando conforme o desempenho que ela mesma me impunha.
O que é felicidade?
Ou me responda com sinceridade se puder:
Foi realmente feliz algum dia?
Digamos que assim como as estrelas brilham durante a noite, e assim que chega a luz do dia elas se apagam, a felicidade talvez seja apenas um lapso.
Não posso saber o que se passa nos sentimentos alheios, como também não posso responder as peguntas de ninguém, mas cada um conhece o que se passa em sua própria mente.
Uma canseira infindável e uma enorme vontade de dormir para sempre, para me separar desse tédio incessante de  se ter consciência.
Apenas nas horas em que fecho os olhos para dormir encontro algum alento, pois me separo dos acontecimentos do dia para viver totalmente os meus sonhos sem ter que prestar contas a ninguém,
onde vivo meus momentos de loucura quando acordada já não posso viver.
Ninguém tem culpa dese meu estado de espírito, quando a sabedoria me é pesada demais.
Não me importo com a aparência, ou me importo tão pouco, procuro não me olhar muito no espelho, para não me decepcionar com a ação do tempo que diminui minha capacidade aos poucos, apagando as luzes que um dia resplandeceu.
Não ando mais em disparada... hoje já  uso meus freios, mesmo porque não tenho mais nenhuma pressa de chegar.
As estrelas me esperam em algum lugar no infinito... enquanto não se apagam completamente... haverá alguma luz de esperança nos aguardando em algum lugar....
O trem da vida continua em seus trilhos!




Autora: Herta Fischer                                  direitos autorais














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