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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Que mundo é esse?

Eu sigo o meu caminho com grande esperança, desde pequena eu sonho com dias melhores.
Tive meus momentos de medo, de solidão, sem ter em quem me abrigar.
Fui crescendo entre rosas e espinhos, briguei comigo mesma, entrei em conflito de existência, me escondi, literalmente, embaixo de uma cama, para fugir dos fantasmas.
E percebi, que aquilo que mais queria, estava longe de ser um ideal, a saber, ser gente grande para pensar como gente grande.
Eu não sabia, que as pessoas quando crescem, ficam tão alienadas em seus próprios caprichos, se enfiam dentro delas mesmas, pouco se importando com as dores alheias.
Esse mundo, é mundo de enganos. Esta vida não é nada se comparada com a promessa de Deus.
Então, enquanto me olho no espelho, e vejo meus motivos se definhando, minha mente se embaralhando, meu sossego desassossegando, eu sinto que meu tempo também vai se definhando.
Eu, quando jovem era dona do meu tempo, nem imaginava que um dia teria fim, que seria como uma ilusão que passa.
E que tudo o que fiz, ou que faço, é tudo em vão, daqui alguns anos, ninguém mais se lembrará, serei como a fumaça no vento, por um pouco e ela se vai.
Enfraqueceu-me as vistas, enfraquecem-se os moedores da boca, enfraquece-se a memória, também vão se as lembranças, restando apenas as marcas do sofrimento na pele.
E quanto mais me aproximo da realidade, mais me distancio do meu querer, pois meu querer não é nada, diante desse tempo que a tudo controla.
Quando criança eu não me preocupava, eu apenas confiava, hoje eu me preocupo, e vivo desconfiando de tudo.
Então, me pergunto: - Que mundo é este? Que não satisfaz!
Por mais que se conquiste, estamos sempre a querer mais!
Não basta o termos saúde, não basta o termos amor, queremos o mundo, mas o mundo não nos quer.
Pois reinar aqui, é massacrar os outros, massacrar a nós mesmos, nos desejos que não cessam, no querer que só condena, no possuir sem razão.
Eu compro coisas das quais nem uso, alimentos que nem cabe em meu estômago, ando atras do vento, e nem sei pra onde vou.
Essa ilusão de viver é tanta, que também uso as pessoas só para o meu prazer.
Se alguém esta cansado, eu me ponho de lado, e nem penso em ajudar. Meu pelego é meu assento, minha casa é meu luxo, meu dinheiro é meu poder.
Mas quando eu sair deste mundo, o que me espera?
Vou aproveitar de tudo o que possui, de tudo que só me fez sofrer?
Para onde vou, não levo nada! Então, pra que tanta correria, porque tanta ganancia, pra que tanta cobrança, se vivo com tão pouco?
É só canseira desnecessária, e esperar vitoria sem ter luta, é acordar toda manhã sem saber se vai chegar ao fim do dia.
Então, só me resta voltar a ser criança, e como criança pensar, e como criança agir, até que a noite se faça dia, até que a escuridão se desfaça pela chegada da luz, e eu possa enfim, voltar de onde sai.


Autora: Herta Fischer                               direitos reservados







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