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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sábado, 2 de abril de 2016

Embalada pelo sonho sublime de uma criança

Já tentei falar muitas vezes sobre o quanto
me foi penosa a vida. De como me superei em todos
esses anos.
Do quanto fui favorecida pela própria força de vontade
que sempre me assistiu.
As pessoas vem ao mundo com tanta disposição: Aprendemos a falar, andar,  ler, escrever, caminhar,  namorar e a se entregar a vida.
E no entanto, não aproveitamos o nosso tempo como deveríamos.
Eu me lembro de quando eu ainda era uma criancinha entregue ao dia e a noite, como
alguém que tem fé, brincando com pedaços de pau, vestindo roupas simples, pisando na terra
com pés completamente nu, sem pensar no futuro, pois meu futuro estava ali, bem ali onde
sempre morou meus sonhos.
O sonho do minuto seguinte, a incógnita do acaso, a luz que suavemente nunca deixou de existir.
A sorte do nascer, de poder ser.  Não muito, mas, no tudo que podia e que  havia dentro de mim.
E aquele sentimento de descoberta crescia a cada dia, eu percebia tudo ao redor, calma, solitária
a vida se expandia para todos os lados.
Não eram as coisas, pouco eu tinha, eram as pessoas, as palavras, o dom de cada um, o trabalho, a comida, a preciosidade que preenche todos os espaços.
Olhar para o céu, descobrir as estrelas, e não entender o por que de elas  estarem lá.
O olhar do amor de meus pais, a brincadeira entre irmãos, o aconchego das árvores que se amontoam,
as flores surgindo de repente, as cores se diferenciando sozinhas, como se o próprio ar as pintassem.
Como tudo aquilo me influenciava.
Rolar sobre o capim molhado pela manhã, de onde vinha a água que lhes trazia alimento?
A chuva, da mesma forma, como podia vir de cima?
Tudo era novidade, tudo me chamava atenção. Será que todo mundo observava. Eu tinha duvidas.
Os adultos estavam tão atarefados que acabavam perdendo todo o espetáculo. Eu não!
Quantas vezes subi nas árvores só para ouvir o som do vento que cantava para elas dançarem, e, eu, num galho qualquer, também sorria. com um friozinho na barriga ao ser balançada pelo amigo invisível.
Agora, depois de muito tempo, eu ainda costumo brincar com o vento, as vezes, saio para caminhar, e me dá uma vontade de abraçá-lo. Abro os braços e me deixo levar, não é preciso tanto para ser feliz.
Ninguém sabe, é segredo, ainda sou aquela criança quando estou sozinha. nunca gostei de crescer.
Faço, por necessidade, trabalho adulto, falo como adulta, mas, la no fundo, comigo mesma, sei que ainda não sai desse estágio tão bom.
Me vejo a sorrir sozinha quando uma flor desperta, olho para o sol e lhe desejo bom dia. O mesmo faço para a lua: ao anoitecer,  lhe desejo uma ótima noite.
E ao dormir converso com os anjos, peço que eles estejam rodeando os homens, que não os deixem fazer mal aos que dormem, E eles cantam para mim até que eu durma.
Parece coisa de doida, né?  Mas não é! É coisa de quem tem fé.
Boa noite!

Herta Fischer










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