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Luz azul

  Quando olhava o que ele fazia, ficava extasiada. Era capaz de fazer qualquer coisa andar, especialmente, quando manejava seu tempo. Era me...

domingo, 6 de maio de 2012

Olhos cerrados

Geralmente só olhamos para dentro de nós mesmos, esquecendo que outros também tem seus sentimentos.
Que outros sofrem querendo realizar seus desejos mais profundos, que esperam de nós, um simples olhar, ou um singelo sorriso.
Quando andamos pelas ruas, quantas pessoas passam por nós, cada um com seus sonhos, quantas cargas elas carregam nas costas e nós nem fazemos ideia do que realmente elas pensam.
O único conhecimento que temos, são de nossas próprias frustrações, de muitos de nossos desejos que não foram concretizados.
Parece que o sofrimento só foram direcionados a nossa pessoa, que para outros ele não existe.
Será que todas as pessoas são felizes?
Será que a canseira da vida só castiga nossa causa, que outras pessoas não tem problemas?
Ou somos miseravelmente egoístas a ponto de só ver o que realmente queremos ver, os nossos olhos só alcançam aquilo que está muito visível, ou que nos afetam diretamente.
Queria poder alcançar com minhas delicadas mãos os corações quebrantados, que sofrem como eu algumas desilusões, e por causa dela  desistem de viver.
Pudera eu ser o balsamo para todas as dores do mundo, pudera eu compreender os fatores que muitas vezes levam alguém a desistir dos sonhos.
Pudera eu ter nas mangas a carta certa, para completar no outro as suas faltas, pudera eu ser como o vento sul, que vai de mansinho tirando as nuvens do céu, empurrando-as, até tornar-se dia perfeito.
Nenhuma pessoa é feliz completamente, enquanto houver gente clamando por justiça, enquanto houver crianças nas ruas, mendigando o seu pão.
Enquanto houver gente querendo tirar proveito do pobre jornaleiro, que todos os dias se perde na esperança  de encontrar um pouco de alento pras suas dores.
Enquanto houver gritos, e rumores de agonia daqueles que converteram seus sonhos num punhado de pó, entranhando suas narinas na face da morte.
Enquanto quem pode, quem detém o poder, não abre seus olhos para a deficiência do mundo.
Entre risos e lágrimas vamos nos definhando, caminhando sozinhos, arcados pelo peso pesado da solidão em questão.
No meio do ninho, uma cobra se esconde, pronta para dar o seu bote sem piedade nenhuma.
Pronta para incutir seu veneno mortífero, nas entranhas do pobre que desavisado segue tranquilo seu caminho.
Ou quanto muito é usado, todo seu corpo suado para outros viverem de seu ganha pão, enquanto em sua casa há falta de vinho, outros se embriagam  na vinha de seu lagar.
Queria poder ver e sentir o que os outros veem e sentem, para poder mudar minha forma de pensar, de agir e até de ajudar.
Queria ter em meus lábios o dom da palavra, para poder orientar os que andam no escuro, queria ter um coração repleto de amor, para semear esperança no caminho daquele que se perde. Queria conhecer o segredo de cada um, para saber se são maiores que os meus.
Queria poder medir o medo, pesar a esperança, esquadrinhar os destinos, desenhar o improvável.
Queria mesmo ao saber de tudo isso...Ser alguém mais tratável, mais humano, mais iluminado, mais forte em favor dos fracos, mais alegre em favor dos tristes, mais sábio em favor dos que se alineiam diante das dificuldades a que são submetidos aqueles que no mundo não encontram uma opção!

Autora: Herta Fischer                                        Direitos reservados


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