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Deleite com café

  A janela, onde o sol nasce, sobe as escadas das flores e ali permanece, sentado, até que a porta da poesia, se abra, lá pelas bandas das ...

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Primeira morada

Meu pai sempre foi um agricultor.
tinha a escrita de um semeador.
Cultivava suas próprias sementes,
era isso que sabia fazer.
Me lembro que quando criança eu pensava ser uma cebola,
nasci entre elas e meus irmãos.
A terra delineava em sabedoria, a plantação 
sabia onde nascer, e a safra sobre duas mãos fortes,
nasciam e morriam em tempo certo.
Sempre achei  que tudo aquilo sempre estivera pronto
para a nossa família. 
Embora outras famílias ao redor estivessem vivendo
em casas maiores, sobre uma circunstância muito
mais atrativa, a minha pobre morada parecia bem melhor.
Pouco me lembro das coisas: potes, armários, camas,
mas, da alegria do dia.  nunca me esqueço.
Das vezes em que uma ramada de cipós  deitada sobre as
árvores se fazia balanço, do rio, que de tão pequenino,
parecia menino á brincar com a gente.
Das cebolas estendidas na terra á receber o sol para
sua secagem, depois, as tranças de suas hastes, as
tabuas dependuradas no teto a agrupá-las, até que 
fossem vendidas.
O acordar para brincar com os irmãos, enquanto a
vida nos mimava com seu tempo.
As festas na casa de amigos; a dança, a musica sertaneja tão pura,
os doces de batata-doce, o milho verde assado, o suco de laranja
madura, o leite empelotadinho.
Pouco sabia da vida lá fora, talvez nem soubesse que existia gente
fora da gente.
Meu mundo tinha o tamanho das minhas pernas, estendia-se apenas onde
pudesse chegar, e as pessoas conhecidas seriam os únicos sobreviventes do universo.
Quando chegava alguma visita, o que era raro, eu ficava imaginando
de onde saíam, onde moravam, o que comiam, porque não viviam conosco?
As vezes até pensava que havia outros mundos,mas, nada se parecia
com aquele a qual me acostumara. 
Pena que a gente cresce e aprende a gostar de outras coisas, se apaixona
fácil por outro amor, e se esquece do ranchinho da gente, o primeiro amor
da primeira morada.
Hertinha Fischer









 

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