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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sábado, 20 de abril de 2013

Entre duas faces

De repente era apenas uma luz quase se apagando.
Com medo de ficar completamente no escuro, tentei conservar aquele pequeno foco, ficando ali , parada.
Mas, como se a luz tivesse controle sobre ela mesma, lentamente foi se afastando de mim, como se eu a amedrontasse.
Então a escuridão se apossou de tudo, e no meio da negritude absoluta eu só ouvia a voz do meu pensamento que me acusava.
Nada era mais perfeito que a própria imagem do nada que se estendia, que alimentava as minhas veias fazendo um terrorismo absurdo em meus olhos.
Eu não enxergava, mas, imaginava coisas estranhas que colocavam meus cabelos em pé.
Que mundo era aquele , onde não havia luz? Meus pés se agarravam firmemente ao chão como garras de gavião segurando a sua presa.
O silencio era quase que insuportável, era como se o mundo inteiro jazesse entre as pedras da minha agonia, e o mundo  em que acreditava, de repente se transformasse em meu cruel  devorador.
Eu queria sair dali, mas a crueldade da força que me segurava era bem maior que eu, e simplesmente, meu querer transformou-se em bolas de fumaças, tentava alcança-la, mas não encontrava nada.
Lágrimas de tristeza caiam sobre algo que eu não conseguia definir, e os som dos pingos me apavoravam ainda mais, pois devido ao silencio, tornavam-se   um barulho ensurdecedor por sobre a escuridão que me consumia.
Não havia nada além de mim, naquele lugar, pois eu era a única coisa que ainda poderia sentir, alem daquele medo que me dominava completamente.
Me tornei a própria imagem da ignominia, do silencio e da morte que espreitava.
Sozinha, desamparada, sem luz, sem alento, esperando desesperadamente por uma mão que segurasse a minha, e que me tirasse dali.
Mas, só encontrava mais com meus pesadelos, sonhar era como acreditar no impossível.
Conseguindo vencer um pouco a fraqueza, dei alguns passos, e a escuridão se tornou mais densa, Mas, olhando para cima, encontrei um pontinho de luz, que por alguns momentos embotaram-me a visão. Comecei a ouvir sons de harpa muito distante, quase inaudível, e seguindo a melodia, eu ia saindo do chão.
Minha mente começou a dar sinais de contentamento, eu já ensaiava a lembrança de um sorriso, mas minha boca ainda permanecia fechada.
Fui saindo sutilmente do lugar, um passo de cada vez, a respiração ofegante eu até já podia ouvir, e o silencio foi se despedaçando aos poucos, até que meus olhos puderam sair da escuridão aos poucos, e me acostumando com a luz recente dei de cara com uma certeza:
Andamos muitas vezes sobre as trevas, mas a luz nunca nos abandona para sempre!

Autora: Herta Fischer                                   direitos reservados.




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