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Amor inocente

O amor estava ali, na emoção do embaraço, que deixou um beijo no ar. Ah, se eu pudesse voltar novamente àquele olhar, que silenciosamente me...

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Amor inocente

O amor estava ali, na emoção do embaraço, que deixou um beijo no ar. Ah, se eu pudesse voltar novamente àquele olhar, que silenciosamente me amava, despertando em mim deliciosas sensações. Tudo era envolto em alegrias – meu pensar e meu querer. E você, ali, como se me tocasse com cinzel, esculpindo-me como se desenha em papel. Não havia o prazer do toque, mas o prazer sentido se comparava aos céus. Tocando o ar como uma pena delicada que voa, e meu olhar a te imaginar sabor. 

Herta Fischer (Hertinha)

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Em que espaço nos perdemos

As pessoas reclamam que o mundo está chato, mas não fazem nada para mudar, apenas se isolam, tornando tudo ainda mais monótono. 


De vez em quando, pare para observar uma flor, um pássaro ou um córrego. Ouça a música suave da natureza, que clama pela sua atenção, não porque precisa, mas para que você volte a se encantar pela vida. Estamos tristes e continuaremos assim se não retomarmos nossas origens, onde um simples olhar atento ao redor fazia toda a diferença. Não perdemos a capacidade de olhar, mas a percepção da suavidade com que deveríamos ver. 


Criamos formas e máquinas poderosas para substituir os homens, mas o ser humano é único, capaz de criar com sentimento, superando as máquinas, porque existe e sente o existir. Tudo ao seu redor é real e faz parte. Empatia não é apenas aceitar os direitos das pessoas sem questionar, mas também reconhecer que elas têm deveres. 


Olhar com compaixão para o semelhante, aquele que se assemelha a nós, é essencial. Há pessoas por todos os lados, mas que nem se olham nos olhos, como se já não se identificassem. Criamos um mundo fechado ao nosso redor, cheio de empatia por dentro, mas revolta por fora. Isso é evidente até nas calçadas, geralmente vazias, enquanto os carros estão lotados.


Até a natureza parece triste: a chuva se atrasa, o calor é intenso, e o frio vem com pedras no colo. Será que ainda dá tempo de reverter isso, ou o mundo que conhecemos já se perdeu para sempre? 


Hertinha Fischer.

sábado, 4 de outubro de 2025

O dia e sua heroína

O sol surgia por trás de um muro de pedra, projetando suas cores vivas entre as árvores. Tereza estava ali, olhos atentos, cantarolando uma melodia suave cuja letra apenas ela conhecia.


Ela passou pelo paiol para pegar algumas espigas de milho, debulhando-as rapidamente sobre seu velho avental, enquanto as galinhas, apressadas, quase bicavam seus pés. Só então ela espalhava os grãos sobre o chão de terra batida ao redor da construção.


Depois de terminar essa tarefa, voltou para casa para preparar o café da manhã. Acendeu o fogão a lenha, como fazia diariamente, usando palhas e gravetos preparados na tarde anterior. Encheu uma chaleira com água, colocou-a na chapa quente e esperou até que borbulhasse. Pegou o suporte do coador de pano pendurado na parede, colocou-o sobre a mesa, mediu o pó de café e despejou a água quente, enchendo o ar com um aroma agradável que despertava o marido e os filhos para mais um dia de trabalho na roça.


Enquanto eles se preparavam, ela passava ovos batidos em pães amanhecidos e fritava-os em óleo quente, enchendo a casa com um cheiro irresistível que os fazia sentar-se à mesa rapidamente. Assim que saíssem para o campo, ela cuidaria de outras tarefas da casa.


Sozinha, enchia duas bacias de alumínio com água, uma para lavar os utensílios e outra para enxaguar, já que não tinha água encanada. Depois de lavar tudo, varria o chão de terra, arrumava as camas e separava as roupas sujas, colocando-as em uma bacia para levá-las ao rio. Colocava uma rodilha de pano na cabeça, equilibrava a bacia cheia e carregava um balde vazio em cada mão.


Todo o trabalho era feito manualmente; ela esfregava as roupas no rio, colocava-as para quarar e voltava para casa com os baldes cheios de água fresca. Então atiçava o fogo novamente, escolhia o feijão e o colocava na panela.

Hertinha Fischer













O todo de nós

 Eu e o corpo somos um, a verdade de mim se revela na imagem.

Sou o dentro e o fora - Uma parte cria e outra desafia.
Nada fora de mim me copia.
Imagine-me no ventre, caso não sou a mesma?
Sou a vida que há em mim.
Não sou o acaso, sou a hora e o lugar, as honras de minha vez.
No corte do cordão nasceu a independência. No tudo de mim, a consciência.
Não aprendemos porque queremos, aprendemos porque somos universos próprios. identidade de patentes registradas, comandadas por uma parte de nós que não faz parte.
Como as águas que sai da nascente da terra e procura o seu caminho, não tem ideia de onde vai, mas vai, contornando e se tornando cada vez mais veloz. Não tem consciência de si, porém a terra á recebe como se fosse consciência dela.
Nós não temos a vida, a vida é que nos tem e nos molda segundo a sua própria consciência.
Mostra-nos o caminho, coordena as paisagens, nos coloca nos lugares e se enche de expectativas á nosso respeito. fazendo com que estejamos á seu dispor, sem, no entanto, tornarmos seus escravos.
Torna-te tu mesmo e desfia a ti próprio, seguindo o rumo do teu melhor, sem danificar o rumo que não foi aberto para ti.

Hertinha Fischer