Quis apenas ser eu, esquecendo que outros também quer o mesmo..."
Marchei como se fosse plena. Como se ninguém me bastasse. Como
se o mundo fosse posse minha. E me deparei com a ignorância de mim. E, agora, no enfado, construo meus dias e em lamentos faço minha cama todos os dias. Só há espinhos nela. Porém, construo esperanças em cima.
O sol me expulsa da cama pela manhã e a lua me traz de volta ao descanso. Esse descanso sonoro, repleto de boas recordações de um futuro que já entra em mim, como letras memoriadas e melodias já preparadas.
Estaria, eu, mais satisfeita se soubesse em que dever me bastaria.
Minha mãe, sempre me alertava, quando um homem passava em nossa porta para mendigar o pão: - Este homem não tem nome, nem residência, nem família! Dizia ela: Não sei por que me vem á memoria, nem sei por que o chamava de Lazirio, talvez, por ser um pequeno Lazaro, aquele que, mendigava a porta dos grandes e que recebia as migalhas que sobravam. Poderia nos parecer ninguém, no entanto, Deus estava com ele em sua renúncia.
Aí eu me lembrava de quando subia nas árvores para brincar de gente grande. Não tinha nada lá, nem um pote de mel, e eu, me sentia como um urso lambuzado de doces.
O ser que se desprende - assim como a borboleta se desprende de seu casulo e ganha asas para voar e morre quando desperta sua prole. É dessa forma que me sinto agora.
Quanto mais invisível sou para aqui, mais me sinto viva e visível para mim.
Doar-se não é sacrifício. É mágico e sagrado.
Se sou, vivo!
Se vivo, sou!
Se sou e vivo, de que me adianta se não doo um pouco de mim. Me bastar, o que me basta?
A pior doença do ser é estar envolto em si mesmo, como se o universo não existisse e de nada precisasse.
Existe outros tipos de prazeres que podem trazer satisfações para a vida toda, no entanto, fazemos de tudo para ter prazeres momentâneos. Mesmo que nos custe lágrimas e sofrimentos.
Precisamos aprender a ler os rótulos, antes de medicar-nos. Assim fica bem mais fácil nos livrarmos de sintomas indesejáveis.
Hertinha Fischer