Vejo pessoas perdendo a verdadeira felicidade, observando e se lamentando pelo que está distante, esquecendo de apreciar o perfume do que está ao alcance. Aqui, na longínqua terra das maracutaias, onde o sol brilha à noite e o dia se esconde na escuridão. As falácias são suaves como algodão, mas a verdade é áspera como lixa – a razão beira a loucura. Os meios tontos e os tontos no meio, tropeçam nas mentiras e aplaudem os que sem vergonha envergonham. Seria isso efeito da mistura ou sinal da decadência da sociedade?
Se somos irmãos pela aparência – imagem e semelhança, por que há tanta crueldade e guerra? Quem separou e designou uns e outros para a disputa? De quem é a terra? O futuro e o passado caminham lado a lado, e o que construímos hoje se reflete no amanhã.
Meu passado ronda meus pensamentos, com uma esperança ainda jovem de que ele possa reverter o futuro, tornando-o tão bom quanto já foi. Que a sorte venha como o som de velhas portas sem trincos ou fechaduras. Que o tempo nos devolva as enxadas e foices, e que a humanidade volte a saborear as plantações, sem que as sementes sofram transformações que as deformem. Que as mãos reencontrem o caminho da arte, e os homens recuperem tudo o que perderam para as máquinas.
Hertinha Fischer