Mareando um pouco nestas idas e vindas
como quem precisa de termos.
Não sou mar, sou como um
riacho a deitar-se sobre a terra
sedenta, que de pouco em pouco
vai subindo como vapores sugados.
Entre eu e o céu, aquilo de que preciso, ar.
Não me conforta nem um pouco
o passar dos anos, que me anuvia os olhos,
e me enfraquece os dentes. só o
que se fortalece de fato, é a fé que me
embala.
Sei que preciso sair em algum momento
da historia, e que tudo o que dei valor,
subsistirá sem mim.
Não mais me afetará os acontecimentos, nem
lamentações se fará ouvir.
Sairei, assim como a água que em vapores
se transformam, invisíveis e solitários, não
sabem bem para onde vão, nem
se voltarão.
No limiar desta loucura, ainda insisto
no verdadeiro sentido de ser alguém, não um
subterfúgio, pois não posso negar esta presença
que vive aqui dentro.
Tenho casca, e esta casca se derrete na chapa do tempo, mas, ha
algo de valioso, a poupa que submete-se a sabedoria que me faz.
Entendo tão pouco dessa lucidez, entendo tão
pouco desse ser que quer ficar, e ao mesmo
tempo anseia em sair.
Embora não procure respostas, estou sempre recebendo
ensino, Talvez exista um anjo aqui do lado,
que me cochicha ao ouvido algo que eu
precise saber, e que, ao mesmo tempo, me exclui
do muito querer.
Vou indo como enxurrada de chuva fraca, sugada
depressa demais, sem poder parar de sonhar com
a profundidade que lhe espera.
Herta Fischer (Hertinha)
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Ciranda noturna
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terça-feira, 18 de abril de 2017
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