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Ciranda noturna

  E as formosas tardes, roubando o encanto da manhã, A sorrir sol entre as árvores Meu recanto, colorindo a relva com giz amarelo. E a luz s...

quarta-feira, 1 de março de 2017

Compreendendo Deus

Quando andava cambaleante pelos caminhos
da ignorância, sempre escutava os sons
que vinham de fora, incendiando
a minha alma já sedenta de tudo.
E me falavam de Deus, E eu não conseguia
absorver nada que eu não pudesse tocar.
Estando num jardim, observando as flores
que se abriam na primavera, e no outono
já não estavam mais lá., eu pensava
para onde iriam.
Onde estavam, para onde foram?
Até que conheci a morte de perto, e me arrependi
do que não entendia.
Meu avô se foi, e meu pai nos levou
até ele, e eu, tão inocente em meu viver, o
vi, ali inerte, com mescla em seu olhar azul.
Assim como as flores o outono esteve ali, e o
levou, mas, deixou o corpo vazio, assim, como
o caule sem cor.
Levaram-no sobre a carroceria de um caminhão,
em uma caixa fechada, sem nada por dentro, só o lamentar
invisível  de sua dor.
Eu o via e não enxergava, imaginava o sorriso perdido,
o sonho desfeito, a luta apagada e sem nexo.
Quando pararam e a caixa baixaram, não consegui
entender para onde o levavam, até chegar em uma terra
árida, sobre a terra fria, e o plantaram ali.
Foi então que pensei: vai brotar algum dia, e o azul
singelo de seu olhar desabrochará em certa manhã,
E o perfume que o acompanhou por tantos anos, e a bondade
que era a sua marca. Deus o achará.
Deus! veio em minha mente, aquele Deus tão falado
e desconhecido, na orla do meu querer,
Como a flor se despede em cada tempo, e sobre
o sereno descansa, É Deus levando e trazendo,
Deus em sua ordem natural. Então Deus sempre estivera ali.
Assim como meu avô, que nunca seria esquecido, Deus o acompanhava
em todas as estações, quando despertou e quando virou semente
e foi plantado de novo na terra, que algum dia seria trazido de volta
na próxima estação de um sonho qualquer de menina.
Tudo ficou claro, ou quase. Alguma esperança despertou aqui dentro,
Já não me sentia tão distante da verdade. Deus é a essência que acompanha
os mortais, o crer é tão necessário, quanto viver.
Não pode a vida ser só isso, eu pensava:
um eterno despertar e dormir e morrer.
Assim como o ar se enche de perfume na primavera, e depois se vai, deixando
no ar um cheiro de pó, quando as folham caem no outono  se preparando
para novas folhas que chegam, não sei bem de onde vem, sei que, apenas brotam,
e se enchem de cores novamente, e o galho, aparentemente morto, volta a vida, assim Deus
também fará com o homem.
Deus é a vida. Deus é a própria vida que se faz.

Herta Fischer  (Hertinha)





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