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Ciranda noturna

  E as formosas tardes, roubando o encanto da manhã, A sorrir sol entre as árvores Meu recanto, colorindo a relva com giz amarelo. E a luz s...

terça-feira, 26 de abril de 2016

Estamos sobrevivendo por fé

Ando meio miúda ultimamente como
uma flor que não se abriu.
Ha uma força contraria soprando em nosso país,
que nos faz sentir o quando a hipocrisia faz mal.
Não gosto de partidarismo, acho que todo o povo deveria estar
na mesma posição. Não na questão social, pois isto é impossível.
mas, na questão moral e  de princípios.
Eu aprendi com meu pai, filho de alemães virtuosos. Que na vida, a gente
precisa se posicionar para o bem, não no gozar fortunas, mas no gozar paz.
Ele nos ensinou a agir, sobremodo,  na honestidade, mesmo que isto nos custe
lágrimas. Devemos ser homens de valor, não homens que tem um valor.
Então, viver no meio de homens inconstantes nos seus deveres para com a sociedade,
me deixa na duvida quanto a confiança.
Se la em cima, onde mora o poder, descobrirmos a podridão, o que se falar
dos que estão sob domínio deste mesmo poder?
Estamos jogados, literalmente, as traças. sem educação, sem saúde e atolados na
libertinagem, quando os jovens e as crianças não mais se aparelham na ideia
de civismo e moral.
Uma sociedade sem rédeas é o mesmo que animais em debandada.
Não sabem para onde vão, nem o que fazem.
O cerco está se fechando, e não temos outra saída a não ser lamentar.
Alguns se levantam e lutam, outros condenam com fúria a nossa rebelião, como
se devêssemos nos calar diante do caos que estamos vivendo.
Colocaram, eu digo, colocaram, ( porque foi a maioria, não eu), um governo
 depreciador de virtudes, um governo sem cultura alguma para governar, que promove
um esquerdismo em todas as direções.
Quem é direito e quer levar uma vida decente não pode falar o que pensa sem ser
taxado de preconceituoso.
Temos que concordar com tudo, estamos vivendo como bodes expiatório. O
cão vale mais que o ser humano, são mais justos com eles do que com o povo.
Sera que é só aqui, ou o mundo tornou-se uma Sodoma e Gomorra, e  não tem mais lugar para os justos?
Herta Fischer.



terça-feira, 12 de abril de 2016

Amargas recordações

Hoje despertei-me
para mais um dia.
E você não estava ali.
E o dia se fez arrogante demais
para me fazer feliz.
Deitei-me em minhas dores como
um poeta sem palavras, como
um rei sem trono me despedi.
Sai a procura do nada, como
muitos fazem, sai para não achar.
O silêncio inundou meu ser
com um paradigma a me levar.
Não sei para onde fui nem o que fiz,
só sei que estava ali, sem poder, sem
nome, sem sonhos, somente por que
não tinha um rota de fuga, a vida não
me deu opções.
Me jogou no tempo,
me deu você, que  incendiou-me
com promessas, e quando eu acreditei
que podia, me deixou ali, sem chão.
E como viver no vácuo, alguém que
precisa de ar?
E como jogar alguém no vento, quando
precisa da terra?
O palpável, o amigável, a delicia de
sentir amor, se foi, como uma chuva
de verão, deixando essa amargura a
me levar, nem sei pra onde?
Herta Fischer



sábado, 2 de abril de 2016

Embalada pelo sonho sublime de uma criança

Já tentei falar muitas vezes sobre o quanto
me foi penosa a vida. De como me superei em todos
esses anos.
Do quanto fui favorecida pela própria força de vontade
que sempre me assistiu.
As pessoas vem ao mundo com tanta disposição: Aprendemos a falar, andar,  ler, escrever, caminhar,  namorar e a se entregar a vida.
E no entanto, não aproveitamos o nosso tempo como deveríamos.
Eu me lembro de quando eu ainda era uma criancinha entregue ao dia e a noite, como
alguém que tem fé, brincando com pedaços de pau, vestindo roupas simples, pisando na terra
com pés completamente nu, sem pensar no futuro, pois meu futuro estava ali, bem ali onde
sempre morou meus sonhos.
O sonho do minuto seguinte, a incógnita do acaso, a luz que suavemente nunca deixou de existir.
A sorte do nascer, de poder ser.  Não muito, mas, no tudo que podia e que  havia dentro de mim.
E aquele sentimento de descoberta crescia a cada dia, eu percebia tudo ao redor, calma, solitária
a vida se expandia para todos os lados.
Não eram as coisas, pouco eu tinha, eram as pessoas, as palavras, o dom de cada um, o trabalho, a comida, a preciosidade que preenche todos os espaços.
Olhar para o céu, descobrir as estrelas, e não entender o por que de elas  estarem lá.
O olhar do amor de meus pais, a brincadeira entre irmãos, o aconchego das árvores que se amontoam,
as flores surgindo de repente, as cores se diferenciando sozinhas, como se o próprio ar as pintassem.
Como tudo aquilo me influenciava.
Rolar sobre o capim molhado pela manhã, de onde vinha a água que lhes trazia alimento?
A chuva, da mesma forma, como podia vir de cima?
Tudo era novidade, tudo me chamava atenção. Será que todo mundo observava. Eu tinha duvidas.
Os adultos estavam tão atarefados que acabavam perdendo todo o espetáculo. Eu não!
Quantas vezes subi nas árvores só para ouvir o som do vento que cantava para elas dançarem, e, eu, num galho qualquer, também sorria. com um friozinho na barriga ao ser balançada pelo amigo invisível.
Agora, depois de muito tempo, eu ainda costumo brincar com o vento, as vezes, saio para caminhar, e me dá uma vontade de abraçá-lo. Abro os braços e me deixo levar, não é preciso tanto para ser feliz.
Ninguém sabe, é segredo, ainda sou aquela criança quando estou sozinha. nunca gostei de crescer.
Faço, por necessidade, trabalho adulto, falo como adulta, mas, la no fundo, comigo mesma, sei que ainda não sai desse estágio tão bom.
Me vejo a sorrir sozinha quando uma flor desperta, olho para o sol e lhe desejo bom dia. O mesmo faço para a lua: ao anoitecer,  lhe desejo uma ótima noite.
E ao dormir converso com os anjos, peço que eles estejam rodeando os homens, que não os deixem fazer mal aos que dormem, E eles cantam para mim até que eu durma.
Parece coisa de doida, né?  Mas não é! É coisa de quem tem fé.
Boa noite!

Herta Fischer










Dom recebido do alto

Eu gostaria de poder dizer que meus caminhos sempre estiveram abertos,
que alguém me incentivou a seguir. Mas, não!
Eu tive que abrir passagem. Eu tive que, as vezes, usar minhas  mãos para cavar
ribanceiras até chegar ao mundo das palavras, Não foi fácil, tinha medo de errar, e assim,
fui deixando meus sonhos para trás.
Eu fui uma menina pobre, sem estrutura alguma, criança de mato. Só me foi possível seguir
em frente com muita luta. Luta para estudar, e luta contra eu mesma.
Meus pais eram analfabetos, mas deram um jeito de me colocar na escola, eu e meus irmãos.
Concluí a quarta série, na época. Mas depois tive que trabalhar, e assim, não pude fazer o que mais queria, que era prosseguir com os estudos.
Só depois de algum tempo, é que, novamente, vi uma nova janela de possibilidade se abrindo.
Já tinha vinte e cinco anos de idade, quando encontrei uma escola que me deu a oportunidade de fazer o curso fundamental na forma de supletivo.
Em dois anos eu concluí a oitava série, No entanto, por insegurança e falta de dinheiro, novamente tive que parar de estudar.
Só aos quarenta e cinco anos de idade que, por sorte, ou acaso, meu marido ficou sabendo que tinha aberto inscrições para o telecurso, na escola em que estudava meu filho mais velho.
E assim, com a cabeça cheia de preocupações com a casa, marido e filhos,  eu regressei aos estudos que tanto amava.
Foi muito difícil ter que deixar  minha família. A noite, tomava um ônibus junto com dezenas de jovens que faziam o curso normal na mesma escola, e numa classe cheia de alunos mais velhos, se adaptando novamente na aprendizagem.
Nesta época, as escolas já não tinham nenhuma organização, os professores eram arrogantes, e nos forçavam a aprender sozinhos. Fui vitima de várias situações desagradáveis de pessoas que não estavam la para estudar  e ficavam, junto com os professores trocando receitinhas, e, ou, conversando sobre assuntos fora do currículo escolar.
Por várias vezes eu abandonei a classe para estudar sozinha no pátio.
Como tinha apostila, passei a estudar mais em casa do que em sala de aula, E nas provas tirava sempre boas notas, causando muita inveja para alguns alunos que só iam a escola para conversar.
Dois anos se passaram depressa, E só então, comecei a escrever.
No inicio foi frustrante, começava e no meio do caminho eu desanimava. Tinha vários papéis que iam se acumulando sem que eu conseguisse algo que realmente ficasse bom..
Foi então que aprendi a mexer no computador, e criei meu blog.
Nossa! Não dá para imaginar o quanto fiquei feliz, por, finalmente, conseguir realizar um sonho de menina, que sempre foi escrever.
Talvez, não signifique nada para muitos, mas, para mim, é gloria, é como andar descalça em nuvens de algodão, tanto é o prazer que sinto.
Desde então, eu faço questão de registrar meus pensamentos, simples, mas cheio de gratidão e amor.
por todas as vezes, que consigo com palavras, dizer o que sinto,
E também, pela magia de saber que posso, que apesar das circunstâncias pouco favoráveis, rasguei todo o preconceito que se tem sobre quem não estudou, e acreditar que o dom perfeito vem do alto, pois, muitos, que tiveram a possibilidade de estudar, nasceram em berço esplêndido,  e não sentem o mesmo que eu sinto em relação a esse dom maravilhoso que é saber ler e escrever.
Herta Fischer