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Ciranda noturna

  E as formosas tardes, roubando o encanto da manhã, A sorrir sol entre as árvores Meu recanto, colorindo a relva com giz amarelo. E a luz s...

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Perda definitiva...luto

Estou aqui! Dizia Maria, colada num caixão frio,
cujo marido descansava.
No dia anterior viu desmoronar sua esperança,
quando o médico lhe disse que seu marido
teve morte cerebral.
Foram horas e horas na esperança de o quadro  reverter-se.
Precisamos esperar por doze horas para declará-lo morto.-
disse o doutor:
E passaram-se as doze horas na agonia de quem sabe o
que aconteceu, mas se recusa a acreditar.
Até que não deu mais, os seus parentes a convenceram
de que precisava descansar, que a noite seria longa.
As três da manhã o caixão chegou no local do guardamento,
e ela estava lá, quando, enfim, abriram o envolucro, ela desabou.
Uma dor profunda no peito, uma vontade de não estar lá, de
não olhar para ele, de esquecer aquele quadro.
Fechou os olhos e os abriu novamente, e a realidade continuava lá,
sentou-se num banquinho, e passou a mão nos cabelos do marido,
então, por um momento, se acalmou.
Via gente chegando, lhe abraçando, confortando, mas o conforto
vinha do toque, do fragilizado toque sem vida.
Passou a manhã toda sentindo-o, não tirou a mão da cabeça de seu marido,
nem por um instante.
Mas, as horas passaram tão depressa, precisavam enterrá-lo, o sepultamento
estava marcado para o meio dia.
E quando a hora ia se aproximando, chegou alguns amigos da igreja
para a cerimonia fúnebre.
Maria tirou as mãos da cabeça do marido, e abraçou-se ao seu único filho,
enquanto uma música se fez ouvir, um hino de despedida tão triste quanto
estava os seus corações.
Depois, então, ela olhou pela última vez para ele, ele parecia lhe sorrir,
e foi o derradeiro olhar, o último laço que ainda restava de um amor.
O caixão foi fechado e ela começou a gritar, dizendo entre soluços:
Não deixe que o levem!
Olhou para o filho que também chorava: Não o deixe ir, o que faremos
sem ele?
O filho, porém nada podia fazer. Assim como não puderam fazer nada
por ele, antes, também não dava para aplacar a dor da mãe, quando ele
também sofria.
Foi tudo tão de repente, de uma hora para outra, o dia se fez noite.
Eram os três vivendo felizes, com preocupações, é claro, como
qualquer mortal.
O marido tinha problemas de saúde, mas não era tão grave, só uma displasia,
nada que não desse para controlar.
Estava se preparando para fazer alguns exames, pois seus glóbulos estavam´
descompensados, e o médico afirmava um suspeita de câncer, falava-se
da necessidade, talvez, de fazer cessões de quimioterapia, mas ainda era só
suposições.
No entanto, ele sentiu-se mal, levaram-no ao hospital, e necessitou de entubação,
pois o caso era grave. Tão logo o médico chegou, já veio com a noticia de
que alguma veia na cabeça havia estourado, e o liquido se espalhou, resultando
em morte cerebral.
Foi um susto, pois não estavam preparados para quela noticia, viam, mãe e filho,
seus mais bonitos sonhos, irem de encontro ao nada.
Uma semana antes, estavam todos felizes, jantando num restaurante, como uma
família feliz.
Alias, eles eram muito felizes, como aqueles casos raros que da certo, onde o amor
sempre esta no primeiro plano, e família é tratada como algo sagrado.
Agora, ela via seu bem maior se distanciando, indo embora como chuva de verão,
deixando uma secura na boca, e um vazio enorme no coração.
Ela precisava ser forte, e sabia disso, ainda restava seu filho, ele precisaria dela, agora,
muito mais do que antes. Mas como ser forte numa hora dessa?
Ficar ouvindo palavras de consolação de nada adianta, abraços vira algo sem sentido,
e os olhares de piedade, só faz aumentar a dor.
Foi difícil vê-lo indo embora. Por um tempo, ele ainda estava ali, ela podia ver o seu rosto, tocar
seus cabelos, Estava silencioso, mas estava ali. E agora, ela precisava entender que era definitivo,
que não tinha volta.
Foi com grande pesar,  como se seu corpo pesasse uma tonelada, que devagarzinho, acompanhou
o corpo de seu marido em sua última morada,
Saiu escorada por seu filho e amigos. Acabou!
 Precisava encarar os dias que ainda se idealizava para ela , só que agora, sem ele, o amor
de sua vida.

Um trecho de uma historia verídica...
(hertinha)




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