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Luz azul

  Quando olhava o que ele fazia, ficava extasiada. Era capaz de fazer qualquer coisa andar, especialmente, quando manejava seu tempo. Era me...

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Brincadeira de criança

Era fim de tarde, o sol se aninhava no horizonte,,
respingando fechos de luz entre as bananeiras.
Eu e meu irmão caçávamos tralhas, prontos para
construir algo para brincar.
Na roça não tínhamos muito com o
que brincar, a não ser o que fazíamos
com alguma criatividade.
Meu irmão gritou entre as folhas: -Achei
umas molas de colchão velho, dá para
fazermos de conta que é acelerador de um carro!
Então, já dava para definir o rumo da brincadeira.
Entre um feixe de pés de bananeira sempre há um vão,
e é largo o suficiente para fazer de conta que é um carro.
Encontrei uma tábua que enfiei entre um tronco e outro,
aquele seria o assentamento.
Meu irmão encontrou a tampa de uma panela, e um tronco reto,
Furamos a Tampa bem no centro, e a enfiamos na ponta do tronco.
Do lado contrario do assentamento, ele enfiou a ponta do tronco,
um pouco acima do pé da bananeira, ficando na altura e declínio
perfeito.
As molas foram colocadas no roda pé.
-Yuipi!  Perfeito! dizia ele:
Eu sentei-me no assentamento, comecei a virar a tampa de
um lado para outro, e com o pé acelerava o motor.
Meu irmão esperava do lado de fora, enquanto eu fazia
um barulho de ronco de motor com a boca: Vrummmmmmmmm.
Depois de algum tempo, pisava em outra mola, fingindo brecar,
então puxava uma alavanca do lado direito como se estivesse abrindo
a porta do ônibus até meu irmão entrar com cara de bobo, entregando-me
algumas folhas, como se fossem dinheiro, e eu, apanhava o troco, dentro
 de numa pequena lata,, entregando-lhe, e ele sentava ao meu lado.
De quando em quando a gente trocava de lugar. Eu passava de motorista
a passageiro, e vive-versa.
E a brincadeira fluía por muito tempo, até escurecer e ouvirmos
nossa mãe chamar para o jantar.
Escurecera e não dava mais para brincar nas bananeiras, então,
pegamos uma lamparina a querosene, colocamos no meio do terreiro.
(uma espécie de chão batido sem cobertura)
Nosso terreiro era extenso, tomava toda a superfície ao redor da casa e a frente, depois
subia toda uma extensão entre os canteiros de bananeiras que se estendiam
dos dois lados, até se derramar em outro terreiro mais acima, onde era o nosso paiol.
Nossa casa era muito pequena e simples, mas era muito bonita, toda rodeada de árvores
frutíferas, e o canal das bananeiras que a deixavam ainda mais simpática.
Voltando a brincadeira: colocamos a lamparina acesa no centro e a luz chamava os vaga-lumes.
As vezes vinham uns enormes, a gente os derrubava e os colocava dentro de um recipiente
fechado para que não fugissem,
Como já tínhamos conseguido vários, então era hora de maior diversão; pegamos um lençol
velho e jogamos sobre a nossa cabeça, segurando com ambas as mãos, e soltamos os bichos. Que maravilha!  Parecia uma cidade, na nossa imaginação os vaga-lumes eram carros, passando pelas ruas,
com os faróis acesos.
Mas, como tudo que é bom dura pouco, minha mãe veio acabar com a brincadeira, nos
chamando para dormir.
A hora de dormir era para todos,
minha mãe apagou todas as lamparinas, e  eu fiquei de olhos fechados com medo do escuro,
pois tudo havia mergulhado na mais perfeita escuridão.
Já era madrugada, me deu uma vontade de fazer xixi, minhas irmãs roncavam, e eu fiquei com medo
de acordá-las, pois geralmente, elas ficavam muito nervosas com isso.
Então tentei dormir novamente, e comecei a sonhar que estava la fora, entre as folhagens, agachada
e sentia um prazer enorme em esvaziar a bexiga. porém ao acordar, eu me senti toda molhada, da cabeça aos pés, e fiquei quietinha, sem me mexer. sabia que a luz do dia me traria muitos
problemas,
Como era muito esperta, ou pensava que eu era, esperei minha irmãs levantarem, e sai da cama, arrumando-a com muito cuidado.
Fui para a cozinha com uma cara de inocente, porém, não demorou muito tempo para minha mãe
descobrir o que fiz. Entrou na cozinha dizendo:
-Ah ah! Ai esta você, sua danadinha, pensou que eu não ia descobrir!
Desde quando arruma a cama?
E, eu, de olhinhos miudinhos, me encolhi dentro de mim, e fui saindo de fininho como
um cachorrinho, fiz de conta que não entendi.
E tudo acabou bem, como sempre, quem nunca fez xixi na cama que atire a primeira pedra.
(Hertinha)












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