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Ciranda noturna

  E as formosas tardes, roubando o encanto da manhã, A sorrir sol entre as árvores Meu recanto, colorindo a relva com giz amarelo. E a luz s...

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Da terra venho

Abri meus olhos, e compreendi que tudo
estava exatamente onde deveria estar.
Meu pai e minha mãe, companheiros inseparáveis, irmãos
e irmãs brotando da terra, como sementes santas,
descansavam sobre a sombra de um céu azul.
Um a um, se apresentavam, e como se já
me conhecessem, sorriam para mim.
Minha casinha de pau-a-pic, o primeiro
descanso da minha alma, me recebeu de braços abertos,
Conheci então, a fidelidade de braços constates a
me ninar.
Já havia escurecido, um carinho em forma de mãos,
me cobriram, e um tilintar doce sobre o telhado me
fez adormecer. conheci então, a chuva.
Deus me visitava em toda manhã, quando seios
fartos me preparavam a força.
Nessa constância dos dias, enquanto  crescia
na mágica canção do amor, ensaiava sorrisos.
Meus pés foram se firmando, os músculos
se fortalecendo para me colocar em pé.
Que belo e singular era o luar, quando em danças
e musicas perfeitas se instalavam sobre meu
olhar, quando a noite caia, e meu pai nos levava
a sentar no jardim.
Ouvia murmúrios nos cafezais, pássaros se acomodado,
prontos para descansar, nada me soava mais supremo.
Não tínhamos muita coisa, apenas o necessário, porém,
o mundo estava a meus pés.
Não sei bem o por quê, mas já tinha ânsia de vida, nada
me escapava aos olhos e aos ouvidos, estava
apta para aprender.
Grandes pés de laranjeiras nos ofereciam seus frutos, e no tempo
certo, as jabuticabeiras também floresciam, e nos
encantavam com seus pontinhos pretos.
Quando usei meus pés pela primeira vez, já sabia,
que meus caminhos se abriam para além do portão.
Então, conheci as estradinhas de terra, que sobre meus pés tremiam,
e se levantavam até cobrir-me com sua doce poeira,
Recebia da terra o alimento, a alegria do dar e receber. da semente
plantada, a riqueza do cuidado, o prêmio no final.
Sou caipira, não nego, quanta honra de ser quem eu sou,
hoje vivo na cidade, como recém chegado, que não
vê a hora de voltar.
Foi na terra que nasci, foi na terra que cresci, e é
de terra que, outra vez, vou me transformar
(Hertinha)








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