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Ciranda noturna

  E as formosas tardes, roubando o encanto da manhã, A sorrir sol entre as árvores Meu recanto, colorindo a relva com giz amarelo. E a luz s...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Conversando comigo mesma

Há dias em que a gente fica pensando no que é a vida. Um emaranhado de confusão e estratégias para não entrar em depressão.
Tento fazer algo que me tire deste estado, corto o cabelo, passo creme no rosto, tudo para me sentir menos entediada.
Talvez se me sentir um pouco mais bonita, preencho esse vazio.
Mas não, nada é capaz de fazer com que me sinta melhor. Então, ligo a televisão, e fico um pouco pior.
Alguns programas só mostram violências, e nos intervalos, ainda tenho que engolir políticos mentindo, dizendo que se eleito vai ser melhor que todos os que já estão aí.
Estou cansada dessas mentiras, estou cansada deste mundo excrementado, onde quem quer viver de forma honesta não tem mais vez.
Tudo está fora de lugar, o que era já não é mais.
Me sinto como um peixe fora d'água, tentando desesperadamente respirar, sabendo que o que me resta é apenas um punhado de ar reservado nos pulmões. Assim que acabar essa reserva será o fim.
Quando saio para a rua, tudo parece normal, as pessoas agem como se tudo estivesse maravilhosamente bem, como se no mundo não houvessem problemas, então penso que o problema sou eu.
Não vejo graça nesse consumismo todo, não vejo graça em me tornar como todo mundo, tentando a todo custo, ter uma aparência perfeita.
Eu sonhava com um mundo melhor, onde as pessoas não vivessem só de aparências, onde pudessemos conviver pacíficamente uns com os outros.
Atualmente, as pessoas nem olham mais umas para as outras, ou se olham não as vêem.
Ninguém procura saber de você, não se importam com o que você pensa. Muitas vezes, passamos a vida inteira ao lado de alguém, sem que realmente a conheçamos.
Estamos sempre preocupados com o vizinho, com os problemas dos outros, e não dedicamos um pouco do nosso tempo para conhecer quem convive diáriamente conosco.
Somos muito rápidos quando se trata de criticar, esquecendo quase sempre de elogiar quem merece.
Parece que o mal tem mais importância que o bem, o mal esta sempre em evidência, enquanto que o bem raramente aparece.
E quando aparece, ninguém mais acredita nele.
A mentira tomou o lugar da verdade e o mal entrou no corpo do bem, e não tem quem o exorcise, ninguém tem forças para lutar contra, porque se tornou conveniente para muitos.
Quando porém vier o que é perfeito, e encontrar essa pirâmide de absurdos que a humanidade insiste em construir, não sobrará pedra sobre pedra.
A justiça será feita!


Autora:  Herta Fischer                 Direitos reservados

domingo, 11 de setembro de 2011

A princesa das botinhas cor de rosa

Esta é uma história inacreditável e emocionante que aconteceu comigo!
Eu morava num sertão, cercado pela natureza exuberante, numa casinha de pau-a-pic.
Apenas quatro cômodos nos abrigavam da chuva e do sol forte.
Do meu quarto, onde dividia minha cama com mais três irmãs, podíamos ver o clarão da lua em noites enluaradas, em outras noites a escuridão era total.
Tínhamos como luzeiros apenas algumas lamparinas a querosene, cuja luz era tão fraca, que mal iluminava nossos pés.
Lá fora, do lado esquerdo da pequena casinha, havia um pequeno jardim, repleto de gardênia e margarida, enchendo nosso pequeno mundo de cores e perfumes.
Tínhamos também um cavalo, que atendia pelo nome de Lebuno. Lebuno tinha os pêlos em tons de marrom escuro, as crinas e o rabo eram de um preto iluminado. Nosso cavalo morava num pasto cercado por arames farpados. O lugar era imenso, os arames passavam pelas árvores, entrelaçando-se entre uma e outra, até chegar as margens de um riacho. recomeçando na outra margem até se encontrarem novamente, formando um enorme círculo.
Quantas e quantas vezes eu  fiquei maravilhada, vendo-o trotear pelos campos, enquanto se exercitava.
Aquele pasto era lindo, árvores frondosas dançavam ao sabor do vento, abaixo delas, relvas verdejantes aguardavam o momento em que Lebuno faria o trabalho de podá-las com seus dentes. Pois um dependia do outro para sobreviver. E viviam assim, em perfeita harmonia um com o outro.
Tudo aconteceu em uma tarde de verão, quando eu caminhava por aquele pasto mágico:
Lebuno pastava de um lado, e eu fazia companhia a ele do outro. ambos estávamos sossegados ouvindo apenas os sons da natureza que naquela hora eram muitos.
Repentinamente meu cavalo começou a relinchar, como sempre fazia quando queria comer milho, ou pedia que o levássemos para passear. Era assim que se comunicava conosco.
Depois percebi nele certo nervosismo, estava com as orelhas em pé e bufava como se estivesse com medo.
Meus cabelos também se levantaram, como se um imã os puxassem para cima, todos os pelos se arrepiaram.
Ouvi então, barulho de passos que se aproximavam. Não dei muita importância naquele momento, achando que era uma de minhas irmãs, querendo me assustar.
Só não entendia o porquê do meu cavalo estar tão nervoso, e dos meus pelos estarem tão ouriçados.
Foi então, que uma moita atrás de mim começou a criar vida, os galhos se separavam como se duas mãos se dispusesse a empurrá-los, tentando abrir passagem.
Não dava para ver ninguém, meus olhos fizeram um movimento, olhando para o chão, eu estava sentindo muito medo, pensando ser uma cobra.
Meu cavalo saiu em disparada. Nunca pensei que fossem tão sensíveis, achava que só os cães fossem dotados desses instintos tão apurados.
Ao olhar para o chão eu pude ver dois sapatinhos cor de rosa, vestindo dois pezinhos minúsculos. Apenas isso!  E os dois pezinhos começaram a andar, vindo em minha direção.
Eu fiquei paralisada. E ao mesmo tempo encantada com aquela aparição!
Depois do susto, arrisquei uma pergunta:
-Onde está o restante do seu corpo?
-Não consegue me enxergar?  Disse ela com voz de criança.
-Por enquanto só consigo enxergar seus pés! Que são muito bonitos por sinal. Amei sua botinha cor de rosa!
 Uma botinha fez um movimento gracioso, colocando-se por cima da outra que ficara no chão.
Dei então uma risada nervosa, porque não entendia direito o que estava acontecendo, era muito para minha cabeça.
Eu estava falando com dois pezinhos. Era ridículo!
Esfreguei meus olhos com as duas mãos... Esfreguei tanto que chegou a doer. Porém, ao abrir meus olhos novamente, aqueles pés com botinhas cor de rosa continuavam ali.
Sempre fui muito sonhadora, acreditava em histórias de príncipes e princesas. Quando completara sete anos de idade, tirei a maior nota da escola e ganhei da professora, meu primeiro livro. Era da gata borralheira!
Eu me encantei em saber que já podia embarcar para vários lugares do planeta, sem precisar sair do lugar.
Já conseguia ler muito bem, como não conhecia a cidade, eu viajava através dos livros que chegavam em minhas mãos.
A partir dessa idade eu me apaixonei pelo conhecimento.
Mas, voltando ao tempo presente... Lá estava eu vivendo uma história real.
Voltei a perguntar:
-Onde está seu corpo?
-Está aqui comigo!  Duas mãos, dois olhos, duas orelhas, um coração...e foi enumerando todos os componentes de um corpo, enquanto meu subconscientes montavam as peças, imaginando uma linda princesa.
-Por quê só consigo enxergar seus pés?
-Porque os seres humanos precisam de um corpo visível para acreditarem em alguma coisa?
-Nem sempre eu preciso ver para crer! Disse eu:  Me sentindo um tanto arrogante.
Qual não foi minha surpresa, quando a ouvi falar:
-È por isso que não precisa me enxergar! Eu existo e isso te bastará!
-Você diz isso, mas seus pés estão visíveis!
-Gosto de mostrar algo para as pessoas, a partir daí, elas podem tirar suas próprias conclusões.
-Você mora nesse pasto?
-Não! Ela disse, dando uma gostosa gargalhada, rindo da minha ignorância.
Eu moro num castelo muito distante, preciso viajar muito para chegar nesse lugar, mas o esforço vale a pena.
O Lebuno me diverte, gosto muito dele e ele também gosta muito de mim.
Nesse mesmo instante, meu cavalo chegou todo serelepe, batendo a cabeça no ar, acima daqueles pezinhos tão charmosos.
-Parece que está querendo brincar com você!
-Ele sempre quer!  É por isso que venho quase sempre neste pasto... Muitas vezes eu subo em seu lombo, e ele sai galopando ao sabor do vento, e eu me delicio sentindo a brisa tocar meu rosto.
-Então é por isso que o vejo correndo, parece brincar com alguém, só não sabia com quem!
-Somos amigos! Você quer ser minha amiga também?
-Quero muito, mas queria poder ver teu rosto. Poder conhecer você de verdade.
-Eu ainda não posso me revelar. Disse ela: Dando um passo em minha direção.
-Por quê?  Perguntei-lhe: Meio desapontada.
-Você ainda não está preparada para receber essa graça, pode se assustar e sair correndo!
-Claro que não!  Amo surpresas.
-Eu não sou do seu tamanho... Sou tão diferente de você!
-Meu cavalo também é, no entanto, nosso amor é tão grande!
Não me importa o seu tamanho. Se é loira, morena, ou negra. Se é feia,bonita, ou linda. O que importa é a sua personalidade. Se você é sincera e  é puro o seu sentimento, já me cativou.
-Foi por pensar assim que resolvi me mostrar a você, não completamente, mas sabes que estou aqui!
-Posso lhe fazer uma pergunta. Disse eu meio desajeitada:
A menina das botinhas cor de rosa me respondeu:
- Se eu puder responder!
-Onde é o seu reino?
-Está vendo aquela floresta!
- Sim, respondi: Mas você me disse que era tão longe!
-Para mim é! Não vê o tamanho de meus pés?
- É muito engraçado, meu pai não deixa nenhuma de minhas irmãs entrarem naquelas matas, ele diz que poderemos encontrar uma mulher, cujo nome é Jorja Paca, ela come criancinhas, e agora você vem dizendo que mora naquelas matas. Não tem medo?
-Seu pai conhece minha mãe?
Eu fiquei abismada com essa possibilidade, e falei com espanto:
-Sua mãe?  Quem é sua mãe?
-Jorja paca é minha mãe! Só que ela não come criancinhas, ela é a rainha  da natureza. Vive para preservá-la.
Acho que seu pai á conhece, e para preservar aquele recanto onde moro, ele inventa que minha mãe é uma bruxa malvada, quando na verdade ela é uma princesa muito bonita.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo:
-E o que esconde essa mata tão desconhecida?
-Além de nosso castelo: Disse ela divertida.
-Sim, eu quero saber de tudo!
-Árvores centenárias, morada de muitas orquídeas, que á seu tempo, exibe suas flores exóticas.
Barbas de bode, de até dez metros, enfeitam seus galhos até alcançarem o chão.
Teia de aranhas diversas, parecendo fios de prata, descendo de um lado á outro, formando redes, aonde os pássaros vem descansar.
Folhas mortas pela ação do tempo, como um tapete persa, se estendem encobrindo os segredos de muitos animais minúsculos.
Eu lhe perguntei então:
-Aqueles urubus que moram na baixada, onde recolhemos nossa água na mina, também são seus amigos?
Por que pergunta isso?
Eu então comecei a narrar uma aventura acontecida comigo e com meu irmão:
-Eu e meu irmão, encontramos o ninho de um urubu no alto de um paredão. Não dava para alcançá-lo com as mãos. Então nós resolvemos cutucá-lo com uma grande vara que por acaso encontramos por perto.
Não contávamos com a presença da mãe do bichinho por perto, e continuávamos a cutucá-lo.
Num determinado momento, a ave sentindo-se acuada deu um rasante sobre nossas cabeças, tentando proteger o filhote.
Nós não aguentávamos de tanto rir, e continuávamos a brincar.
Repentinamente a ave sumiu no céu, ficamos aliviados.
Não demorou muito tempo o céu ficou preto, uma sombra se instalou sobre nossas cabeças, e...milhares de urubus se lançaram em nossa direção.
Eu e meu irmão ficamos brancos. Então, ele gritou para mim: -Abaixa! Abaixa! Deite-se ao chão!
As aves davam tantos rasantes, pareciam aviões em guerra, faziam tanto barulho, que meus ouvidos ficaram surdos e por alguns momentos pensei que ia morrer.
Eu não podia ver a expressão de minha princesinha, mas pelos pés que não paravam no lugar, deu para perceber a aflição que se passava em seu coração.
Então eu continuei:
Naquele momento, eu pensei na idiotice do meu ato, no desrespeito que eu e meu irmão deixamos de ter pelas aves. Elas se voltaram contra nós, estávamos pagando o preço.
Então as lágrimas caíram livremente pela minha face, não eram só pelo medo, mas emocionou-me a união existente entre eles.
Ouvi então uma gargalhada estridente, alguns pássaros assustados levantaram voo. Olhei para o lado e...parei por um momento, a voz saiu um tanto tremida:
-Eu consigo ver!
-Ver...O quê? Disse ela parando de sorrir:
-Você!..Da cintura para baixo! Como pode ser?
Ela sorriu, eu não pude ver, mas senti que ela sorriu. Depois começou a falar:
-Naquele dia, eu e minha mãe estávamos lá, ao seu lado e de seu irmão, vocês não podiam nos ver, protegiamos os dois das garras das aves. Vocês poderiam ter sérios problemas, caso não tivéssemos intervido.
-Então foi isso que os assustou, porque logo foram embora!
-Nós demos ordens para que não os machucassem, afinal eram só duas crianças se divertindo.
Agora, respondendo á sua pergunta. Você se transformou, contando-me sua história. Seu coração ficou mais leve. Por isso, concedi que me vesse mais um pouquinho!
-Por quê não posso te ver por inteiro?
-Ainda não está pronta!
-Quando estarei pronta?
-Quando se libertar de mais uma tristeza que está em seu coração, algo que você fez e que logo se arrependeu!
Veio então em minha mente a história da cobrinha.
-Num certo dia, eu e meu pai saímos para mariscar. Com uma peneira nas mãos, conseguimos pegar muitos peixinhos. Eu fiquei com muita pena deles, mas precisávamos tirá-los da água para poderem servir de alimento.
Meu pai pediu-me que os limpasse. Como não tínhamos água encanada em casa, encaminhei-me sozinha até o rio onde coletávamos água para beber e também para outros fins.
Nesse riacho, tinha uma biquinha. Na verdade era um córrego que terminava com uma telha servindo de canaleta, jogando a água da parte de cima para a parte de baixo.
Eu fiquei sentada num barranquinho, enquanto limpava os peixinhos em baixo da água da bica, quando uma cobrinha veio deslizando sobre a telha quase de encontro a minha mão, Eu me apavorei, sempre tive muito medo delas. E naquele momento, eu perdi todo o bom senso, peguei um pedaço de pau e a matei.
Subi para casa correndo para contar a minha mãe o ocorrido. Entrei apressadamente em casa, coloquei os peixes sobre a mesa. Tinha o coração Saindo pela boca.
-Mãe, eu matei uma cobra!
Minha mãe olhou para mim assustada:
-Como foi isso?
Eu lhe contei toda a história. Então ela me disse: Coitada da cobra, morreu com fome. Ela só estava querendo comer os peixinhos!
Eu passei o dia inteiro chorando por causa da cobrinha indefesa.  Depois disso, cada vez que encontrava com uma cobra, eu saia correndo!
Depois de narrar esses fatos, olhei para o lado, meus olhos estavam lacrimejando, e qual não foi a minha surpresa ao ver do meu lado a princesinha inteira.
Era uma coisa do outro mundo, nada poderia descrever a emoção que eu sentia, eu toquei naqueles cabelinhos tão macios, eram da cor de caramelo.  Pequena e doce menina, olhinhos amendoados, bracinhos curtos e tinha o cheiro de jasmim.
Entre soluços eu lhe falei:
-Já posso lhe ver!
-Eu sei! Ela me disse sorrindo:
- Só faltava este complemento para abrir os teus olhos. A transformação está completa!
-Agora você já pode saber todos os segredos que nos cercam.
-Que segredos são esses?  Disse-lhe aos prantos:
-Nós vamos deixar esse mundo por um tempo!
-Como assim?
-Até agora nós cuidamos das coisas desta terra, cuidamos da natureza, dos seres humanos. Mas agora temos que deixar as coisas caminharem sozinhas.
-Os seres humanos vão acabar com tudo!  Disse eu atordoada:
Ela deu um sorriso triste;
-Vão mesmo, e eu não posso fazer nada!  esse pasto tão bonito, onde seu cavalo é tão feliz, vai desaparecer.
Tudo vai ser destruído por causa da ganância do homem.
E não haverá mais nenhuma interferência do criador. O homem fará sua escolha,
Se escolher preservar, terá um futuro bom. Se escolher destruir, a terra retribuíra com destruição.
A terra vomitará toda a sujeira enterrada sobre ela.
Eu fiquei muito assustada com tudo que a princesinha me disse, porque sabia que o homem sempre precisou que alguém o guiasse. Tomando suas próprias decisões, o planeta viraria de cabeça para baixo.
Então arrisquei fazer uma última pergunta:
-Você precisa mesmo partir?
Sim! Ela me disse: Eu e minha mãe vamos deixar esta floresta onde por muito tempo estivemos ensinando as pessoas a conservar e amar esta terra.
E ...assim como apareceu, foi desaparecendo aos poucos, até deixar apenas suas botinhas cor de rosa a vista, e depois desapareceu por completo. Eu fiquei ali por muito tempo com a sensação de que tinha tido um lindo sonho. Meu cavalo Lebuno morreu  alguns meses depois.
Passou-se muito tempo desde esse dia. Eu vim para a cidade, constitui família e a vida seguiu seu curso. Tudo o que a princesinha falou foi se concretizando. O homem foi ficando cada vez mais desobediente.
Quando voltei para fazer uma visita na minha terra, não mais encontrei o pasto do Lebuno. Em seu lugar, encontrei uma terra devastada e sedenta. Da mata nativa apenas algumas árvores resistiram a ação do homem e milagrosamente continuam em pé.
Minha casinha pequenina não resistiu. Dela nada sobrou! Apenas carrego dentro do meu coração a imagem de um sonho lindo. Quando ainda havia em minha terra um castelo, a rainha Jorja Paca e sua linda filha, a princesinha invisível das botinhas cor de Rosa.

Autora: Herta Fischer                  Direitos reservados

sábado, 10 de setembro de 2011

Abandono

Com os olhos secos por não ter mais o que chorar, perambulo pelas ruas a procura de alguém.
Fiz o que pude nesta vida para não ficar só!
Como o céu despido do sol e das estrelas minha alma se atormenta.
Numa saudade quase louca, na loucura do abandono.
Com panos de saco me protegendo do frio, durmo nas ruas imundas das impunidades.
Na concha dura do caracol escondo meu desgosto.
Para lutar já não tenho mais força, o cedro se envergou.
O alimento da verdade se esgotou,
e o tempo já não importa mais,
Não posso voltar para casa, ninguém me espera, o abandono é total.
Ninguém a minha espera e ninguém para esperar.
Choro amargamente esse vazio que a vida não quis preencher,
Solidão, tristeza e abandono são companhia constante.
Mendigo o pão dos alentos, tiro do lixo o meu sustento.

Autora: Herta Fischer                 Direitos reservados

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Fé e vida

Nesta vida tão sofrida, todos os experimentos valem a pena, desde que não prejudiquem ningém.
Viver é uma arte!
Faça da vida seu palco, actue com dignidade. Tranforme tudo que é triste em alegrias.
Sorria para a vida, que por certo ela sorrirá para você.
Você terá que agir sem muitas expectativas, sem esperar demais dos outros, nem de você mesma. Apenas deixar rolar.
Não fazer cobranças indevidas, somar, multiplicar, dividir e amar.
Que seja somente coisas boas a ocupar sua mente.
Deixa cada um seguir o seu caminho, concentre-se em sua trajetória.
Não se preocupe com esse mundo mau. Olhe para o alto.
No invisível está a sua força, no bem  a sua segurança, na fé a sua esperança. E em Deus a concretização da vida!

Autora:  Herta Fischer       Direitos reservados

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Decepção

Decepção foi o que senti, quando descobri que me enganava.
Que foram falsas todas aquelas palavras.
Sentimentos deveriam ser intocáveis!
Nada mais triste do que sentir um vazio no coração, é não ter mais o que falar.
A porta que estava entre aberta, fechou-se para sempre.
E a canção parou na metade, nem sei como termina.
A vida é mesmo uma ilusão, nada é o que parece.
O que parece ser nuvem, logo transforma-se em tempestade,
Vitorioso é aquele que mesmo lesado, ainda compreende quem o lesou.
Mas, enquanto a ferida estiver aberta, melhor é dar um tempo.

Autora: Herta                                  Direitos reservados

domingo, 4 de setembro de 2011

Valores invertidos

A vida é um sonho eterno, só precisamos sonhar acreditando!
O Senhor é dono de nossas virtudes, provedor da fonte de todo bem.
Ao aceitarmos Cristo como nosso salvador, devemos despir do velho homem,
para revestirmos do novo homem resgatado, pronto para toda boa obra.
Acreditando que podemos mudar nossa forma de aceitar a vida e as pessoas do jeito que elas são.
Quando adultos nos esquecemos que um dia já fomos jovens, e que cometemos os mesmas
coisas que hoje condenamos nas atitudes dos jovens.
Quando saio as ruas, eu posso ver que a falta de educação nos mais velhos é tão evidente
quanto nos mais jovens.
As vezes até um pouco mais.
Os adultos tem obrigação de dar bons exemplos, ao invés de apenas criticar.
E que o sentido familia já não é mais o mesmo para a própria família.
Esta geração está contaminada pelo egocentrismo, e bota a culpa nas circunstâncias.
Temos tudo, e ao mesmo tempo não temos nada.
Por que os valores estão completamente invertidos.
Muitas pessoas casam com o desejo de construir uma família, mas negam a responsábilidade que isso vem acarretar.
Não adimitem que para o casamento dar certo, duas pessoas precisam estar preparadas para andar no mesmo sentido e não na contra mão.
O homem deve estar certo de que será o provedor, enquanto a mulher se prepara para ser mãe.
A responsábilidade deve ser dividida, e as tarefas também.
Só que não adianta atribuir obrigações a outros, sendo que a escolha  é de cada um.
Não adianta querer ser mãe pela metade, ou você é mãe ou você não é!
Se não tem capacidade para isso, então fique só.
Não coloque uma vida no mundo para colocá-la a mercê de sua vontade. Ou para abandoná-la nas mãos de outras pessoas.
Cabe a você, só a você criá-la e educá-la.
Senão as drogas tomarão conta dela para você, quando você perceber já é tarde para voltar atrás, e verá que não compensou. Pode ter ganhado por um lado, mas por outro, todos perderão.
As mulheres estão equivocadas quando pensam que são homens, que podem agir como eles, cabe a cada um ser o que é, o homem tem de proteger a mulher e a mulher ser companheira do homem.
Foi para isso que Deus os fez homem e mulher, do contrário os fariam do mesmo sexo.
A modernidade está afetando a consciência das pessoas, e essa inversão de valores acabando com a saúde da sociedade.
Só tem um jeito de consertar tudo isso, é refletindo sobre nossa própria conduta, não da conduta do meu vizinho ou dos meus amigos..., mas da minha conduta.
Eu preciso mudar, eu posso fazer a diferença. Quando eu mudar, tudo a minha volta muda!
Ser mãe é responsábilidade da mãe!


Autora; Herta Fischer                Direitos reservados

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Andando na corda bamba

Cinquenta anos já se findando!   Mais da metade do oceano explorado.
Já consigo enxergar o pote no fim do arcoíris.
A seara está madura, mais um pouco e estará pronta para a colheita.
As ruas estão vazias de mim.
O cálice quase vazio, ninguém para brindar.
O que levo desta vida?
O que deixo neste mundo?
O que plantei, sequer brotou,
e se brotou nem percebi.
A ilusão do que vivi, quase se apagou,
da mesma forma, o sonho não se realizou.
Uma saudade do que não vivi,
e do sabor que não senti.
Do sorriso que não dei,
da mão que não estendi.


Autora:  Herta Fischer                Direitos reservados

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Escalada da vida

Estou só....Muito só!
Vejo diante dos meus olhos o tempo passar.
Diante do sol ardente, escaldando lentamente minha alma já sedenta.
Prudentemente, escalo os montes, vejo e revejo os perigos que se
escondem atrás dos morros.
Há pedras soltas, encobertas por incertezas que podem fácilmente
desencadear tantos perigos.
Nessa escalada tão sofrida tendo os pés sangrando
encaixados entre um buraco e outro.
Cada passo é uma conquista, cada pedaço uma redenção.
Tendo as mãos calejadas por segurar a corda dessa vida sem noção
Como cabritos monteses entre as rochas e suas presas,
sem saber como escapar.
Trazendo nas entranhas resquícios da coragem que não tem,
mas sabendo de antemão, que precisa continuar.
Tão sofrida é a subida, tão difícil a escalada,
mesmo correndo o risco de dar de cara com o nada.
Segue em frente, segue sempre, confiante,
alguma força superior o impulsiona,
em breve alcançará o pico.
Não olha para trás, para não ver o precipício,
Olha sempre para cima, o sofrimento é uma ilusão.
Quando chegar no seu destino, sorrirá satisfeito
por ter completado a jornada.
Do outro lado te espera,
toda essa imensidão.
Então, sentirá tanto prazer, que esquecerá,
a dificuldade da escalada.
Continuará explorando outros lugares,
sem sentir medo de nada.


Autora:  Herta Fischer                                                      Direitos reservados